O Tribunal Especial da Serra Leoa considerou que Charles Taylor encorajou estes crimes de guerra, contudo, não teve responsabilidade e controlo direto nestes crimes.
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Charles Taylor, ex-chefe de Estado da Libéria, foi condenado, esta quinta-feira, por crimes de guerra pelo Tribunal Especial para a Serra Leoa.
O primeiro chefe de Estado africano a ser condenado num tribunal internacional foi considerado culpado no âmbito do sangrento conflito da Serra Leoa, que envolveu tráfico de armas e os chamados diamentes de sangue.
Taylor, que liderou o país entre 1997 e 2003, vinha acusado de 11 crimes de guerra e contra a humanidade durante este conflito que arrastou entre Novembro de 1991 e Janeiro de 2002 e que causou entre 50 a 75 mil mortos.
Para este tribunal com sede em Haia, o antigo presidente liberiano animou e encorajou estes crimes, ao apoiar os rebeldes da Frente Unida Revolucionária da Serra Leoa, contudo, não teve responsabilidade e controlo direto nestes crimes de guerra.
Num acórdão que durou mais de duas horas a ser lido, o juiz-presidente considerou que Taylor é responsável por ter fornecido armas e equipamentos de comunicações e de ter apoiado assim de forma significativa a ação destes rebeldes.
O acórdão sublinha ainda a inteligência, carisma e capacidade de manipulação do ex-presidente da Libéria e explica que os rebeldes da Serra Leoa estavam muitas vezes sob o efeito de drogas quando praticaram os crimes.
Apesar de não diretamente responsável pelos crimes, o Tribunal Especial para a Serra Leoa assinalou que Charles Taylor teve uma influência determinante.
Este tribunal considerou ainda que o apoio logístico à guerrilha da Serra Leoa tinha como contrapartida como pagamento diamantes de sangue, pedras preciosas que eram usadas para financiar guerras em África.
Charles Taylor estava acusado de assassínio, de aterrorizar civis, de violações e recrutamento de crianças-soldados, crimes que este ex-chefe de Estado sempre recusou ter cometido.
Sem revelar qualquer tipo de emoção, o ex-chefe de Estado liberiano continuou a tirar apontamentos sobre este acórdão que resultará numa sentença que será lida a 30 de maio.