Pela primeira vez na história da República francesa, um ex-Presidente vai ser julgado por corrupção. O processo de Nicolas Sarkozy, Presidente francês de 2007 a 2012, decorre até 22 de outubro.
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O ex-chefe de Estado francês Nicolas Sarkozy começa a ser julgado por corrupção esta segunda-feira, dia 5 de outubro, no Tribunal de Paris.
Nicolas Sarkozy vai ter de responder às acusações de tráfico de influências, por alegadamente ter corrompido um juiz, ao tentar obter informações secretas junto do juiz Gibert Azibert, em troca de um importante cargo no Mónaco.
O Tribunal de Paris rejeitou, no ano passado, os últimos recursos do antigo chefe de Estado francês, do seu advogado e amigo Thierry Herzog e do antigo alto magistrado Gilbert Azibert, que tentaram evitar o julgamento.
Nicolas Sarkozy deu por concluída a carreira política em 2016, depois da derrota frente ao socialista François Hollande.
Este processo, conhecido por "caso das escutas", começou quando os serviços da polícia descobriram que o ex-Presidente estava a utilizar um telemóvel secreto, com um cartão pré-pago, sob o pseudónimo de "Paul Bismuth" para comunicar com o advogado.
As "escutas" começaram por ordem judicial, para esclarecer suspeitas de que Sarkozy teria recebido dinheiro do líder líbio Muammar Kadhafi (1960-2011) para financiar a campanha eleitoral de 2007.
Durante a investigação, em outubro de 2017, o Ministério Público das Finanças comparou os métodos de Nicolas Sarkozy aos de um "delinquente experiente" e condenou os recursos dos advogados do ex-Presidente, que nada fizeram senão "tentar paralisar" a investigação.
Passados alguns meses, os juízes ordenaram, a 26 de março de 2018, um julgamento por "corrupção" e "tráfico de influências" contra Nicolas Sarkozy, que se torna esta segunda-feira o primeiro ex-Presidente a comparecer num tribunal e a ser julgado por corrupção.