A execução esta manha de um líder xiita, na Arábia Saudita, está a indignar o mundo sunita.
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"É um erro grave que vai levar à queda da família real da Arábia Saudita", é assim que o Libano, o Irão e o Iemen reagem à execução do Xeique Nimr Al-Nimr.
Uma execução realizada conjuntamente com mais 46 pessoas. Ou seja, foram decapitadas 47 pessoas.
Estas são as primeiras execuções de 2016 na Arábia Saudita, um país ultraconservador que executou 153 pessoas em 2015, segundo uma contagem realizada pela agência France Presse com base em números oficiais.
O comunicado do Ministério do Interior, publicado na agência oficial de notícias, refere que as 47 pessoas executadas tinham sido condenadas por terem adotado a ideologia radical "takfiri", juntando-se a "organizações terroristas" e implementando várias "parcelas criminosas".
A lista também inclui sunitas que foram condenados por envolvimento em ataques reivindicados pela Al-Qaeda no reino sunita em 2003 e 2004 e que mataram sauditas e estrangeiros.
O Xeique contestário
O Xeique Nimr Al-Nimr estava preso desde Julho de 2012 e era considerado um lider xíita independente e popular entre os jovens.
Terão sido as primaveras árabes que inspiraram o Xeique há 5 anos para os discursos
iniciados na provincia mais oriental da arábia saudita e a mais rica em petróleo.
Este homem nascido em 1959 foi sempre um crítico do regime. Terá mesmo sido espancado e detido em 2006 por fazer as primeiras manifestações publicas contra as autoridades alegando que não respeitavam os direitos da comunidade xíita no país.
Ele acabou por integrar a lista dos 35 homens mais procurados pelo regime saudita, pela organização de protestos entre 2011 e 2012 nos quais incentivava os manifestantes a não ter medo das balas e a usar da palavra em vez da violência para derrubar o regime da familia real.
Chegou a ser notícia nos jornais ocidentais quando o britânico The Guardian disse que tinha sido eleito líder do DAESH.
Acabou por ser baleado numa perna a 8 de julho de 2012 e foi detido pela policia mas continou a ser um activista dentro da cadeia, onde terá sido torturado e onde iniciou uma greve de fome a 21 de agosto chamando a atenção da comunidade internacional para a proibição de visitas da familia, do próprio advogado de defesa e de activistas de organizações dos direitos civicos.
Al-Nimr acabou por ser condenado à morte a 15 de Outubro de 2014, por alegados crimes terroristas, tendo o Tribunal Penal Especializado saudita considerado provadas as acusações de intromissão e desobediencia ao regime e de organização armada contra as as forças de segurança.
Pouco depois de conhecida a noticia da execução do lider xiita, o ministro dos negócios estrangeiros do Irão acusou a Arábia saudita de apoiar o terrorismo. E avisou que os sauditas vão pagar um preço muito alto pela morte de Nimr Al-nimr.
O conselho xiita do Libano avisou que se trata de um grave erro, enquanto o movimento houti do Iemen diz que morreu um guerreiro santo, depois de um julgamento que foi uma fraude.