Depois da execução de um influente líder xiita na Arábia Saudita, um outro chefe religioso pede ao países do Golfo Pérsico que saiam à rua, em manifestações contra a decisão de Riade.
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Moqtada al-Sadr, um proeminente líder xiita no Iraque, pede aos xiitas na Arábia Saudita "uma resposta corajosa, através de manifestações pacíficas; e o mesmo aos xiitas do Golfo, de forma a que a injustiça e o governo terrorista possam ser travados".
Numa mensagem divulgada através da internet, al-Sadr apela a "manifestações de firmeza junto a interesses sauditas" e pede também ao governo iraquiano que repense a reabertura de uma embaixada da Arábia Saudita no Iraque.
A representação diplomática saudita no Iraque reabriu na última semana de Dezembro de 2015, depois de ter estado encerrada nos últimos 25 anos, na sequência da invasão do Kuwait pelo Iraque.
Nas últimas horas, alastraram os protestos contra a execução do líder xiita. Um grande de xiitas muçulmanos saiu às ruas na cidade de Qatif, no leste do país, a única região da Arábia Saudita onde os xiitas são maioritários.
Os manifestantes gritaram palavras de ordem, exigindo a queda do regime de Al Saud, o nome da extensa família real saudita, durante uma marcha em al-Awamiya, a localidade de onde era originário o líder agora executado.
Há também notícia de protestos de rua no Bahrain e no Iemen.
No Líbano, o Hezbollah falou em "assassínio" e o ayatollah Ahmad Khatami, um líder religioso iraniano, disse que as consequências vão "apagar das páginas da História" a família real saudita.
Líderes xiitas no Iraque, Kuwait, Líbano e Iemen vieram também avisar contra represálias, num cenário que pode inflamar os ânimos no Médio Oriente.
Execução "vai derrubar regime saudita"
É a opinião do antigo Primeiro-Ministro do Iraque, depois da execução de um influente líder xiita na Arábia Saudita.
Para Nuri al-Maliki, antigo chefe do governo iraquiano, com ligações ao Irão, a morte do sheikh Nimr al-Nimr, este sábado, vai marcar o fim do regime de Riade.
Al-Maliki condena "com firmeza, estas práticas sectárias e detestáveis" e afirma que "o crime de execução" do líder xiita "vai fazer ao regime saudita o mesmo que a execução do mártir Mohamed Baqir fez ao regime de Saddan (Hussein)", disse Maliki, referindo-se a um outro proeminente líder xiita, morto em 1980.
Uma opinião que coincide com a já manifestada por outros países vizinhos, como o Libano, o Irão e o Iemen.
Al-Nimr, líder religioso contestatário do regime de Riade, foi decapitado com outras 46 pessoas, nas primeiras execuções de 2016, na Arábia Saudita, um dos regimes mais fechados do mundo.
Em comunicado, o Ministério do Interior referiu de manhã que as 47 pessoas executadas tinham sido condenadas por terem adotado a ideologia radical "takfiri", juntando-se a "organizações terroristas" e implementando várias "parcelas criminosas".
Entretanto, o Irão chamou o encarregado de negócios da Arábia Saudita em Teerão, de acordo com informação avançada pela televisão iraniana.