O exército queniano lançou hoje uma operação em território somali contra os islamitas armados suspeitos de ter recentemente sequestrado estrangeiros, anunciou um porta-voz do governo queniano.
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«Penetramos na Somália para aí perseguir os shebab que consideramos responsáveis por raptos e ataques no nosso país», anunciou o porta-voz Alfred Matua.
Segundo a France Presse, um forte contingente militar queniano está perto da fronteira com a Somália, enquanto helicópteros e aviões sobrevoam a zona.
Testemunhas afirmaram que colunas de camiões militares também se estão a dirigir para a fronteira.
Duas empregadas espanholas da Médicos sem Fronteiras (MSF), Montserrat Serra e Blanca Thiebaut, foram raptadas a 13 de outubro por homens armados em Dadaab, o maior complexo de campos de refugiados do mundo localizado no leste do Quénia.
As duas espanholas foram levadas para a Somália pelos raptores.
O Quénia responsabilizou pelo rapto das duas espanholas os rebeldes islamitas shebab, milícias que afirmam pertencerem à Al-Qaida e que controlam uma grande parte da Somália. Os shebab não reivindicaram estes raptos.
Este duplo rapto faz com que quatro cidadãos europeus tenham sido tomados como reféns no Quénia em menos de um mês no Quénia.
Uma francesa, Marie Dedieu, de 66 ans e com um cancro, foi raptada a 1 de outubro no arquipélago turístico de Lamu e uma britânica, Judith Tebbutt, de 56 anos, a 11 de setembro na mesma região, a poucos quilómetros da fronteira com a Somália.
As duas mulheres foram levadas pelos raptores para a Somália.
O ministro da Segurança Interna queniano, George Saltori, tinha anunciado no sábado que o exército se preparava para intervir e que a fronteira entre os dois vizinhos tinha sido fechada.
«A nossa integridade territorial está comprometida por graves ameaças de terrorismo, não podemos tolerar que tal aconteça», assegurou.
As autoridades quenianas também anunciaram que iriam proceder a controlos mais apertados aos refugiados somalis que entram no Quénia.
O complexo de Dadaab acolhe cerca de 450 mil pessoas essencialmente somalis que fogem da guerra e da fome do seu país, a menos de 100 quilómetros de distância.
Devido à crise alimentar, a população de Dadaab aumentou substancialmente este ano.
Os shebab combatem quase há cinco anos o frágil governo de transição somali, apoiado pela comunidade internacional.