O fundador do Facebook foi ouvido na comissão de Justiça do Senado.
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Durante cinco horas, Mark Zuckerberg prestou esclarecimentos no Congresso dos Estados Unidos sobre o escândalo que envolve a obtenção de dados de utilizadores do Facebook pela consultora Cambridge Analytica.
O fundador do Facebook foi ouvido na comissão de Justiça do Senado (câmara alta do Congresso) e na quarta-feira será ouvido na comissão de Comércio e de Energia da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso).
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Reiterando as palavras do depoimento enviado ao Congresso esta terça-feira, Mark Zuckerberg, assumiu a culpa ante o Senado pelo fornecimento de dados à Cambridge Analytica.
"Foi o meu erro e sinto muito", disse o presidente e fundador do gigante tecnológico, na audição do comité de Justiça do Senado norte-americano.
O CEO do Facebook garantiu no Senado que a informação dos utilizadores da rede social não é vendida aos anunciantes, mas admitiu que esses dados são usados para dirigir os anúncios a potenciais clientes, explicando que em causa está o preço de um serviço gratuito.
Apesar disto, Zuckerberg reforça que esse não é o negócio, de momento, já que o Facebook pretende chegar a todas as pessoas. Contudo, este modelo não é colocado totalmente de parte.
"Os anunciantes dizem-nos quem querem alcançar e depois fazemos o posicionamento. O Facebook mostra os anúncios para as pessoas indicadas sem que os dados mudem de mãos e vão para os anunciantes", garante o CEO, mostrando que os dados não chegam a sair das 'mãos' da rede social.
De agora em diante, fica a promessa por parte do responsável máximo do Facebook que haverá um "papel mais proativo para garantir que as ferramentas são usadas para o bem". Perante o cenário, Mark referiu que está comprometido com as mudanças na rede social e que as pessoas irão notar estas alterações.
No que toca às eleições e à polémica sobre a alegada manipulação por parte da Cambridge Analytica, Zuckerberg revelou que o Facebook tem agora ferramentas mais eficazes para combater estas tentativas de interferência eleitoral, não só nos Estados Unidos, mas também na Europa.
Segundo admitiu o CEO da empresa, o escândalo levou a rede social a perder muitos utilizadores. Porém, ao longo da audiência no Congresso, a empresa deu sinais de que o Facebook está a recuperar nos mercados. Até ao fecho da bolsa, as ações do Facebook subiram bastante e atingiram um máximo dos últimos dois anos.
O Facebook está no centro de uma polémica internacional associada à empresa Cambridge Analytica, acusada de ter recuperado dados de milhões de utilizadores daquela rede social, sem o seu consentimento, para elaborar um programa informático destinado a influenciar o voto dos eleitores, nomeadamente nas últimas eleições presidenciais norte-americanas, que ditaram a nomeação de Donald Trump para a Casa Branca, e no referendo sobre o Brexit.
Inicialmente foi avançado que o número de utilizadores afetado rondava os 50 milhões. Dias mais tarde, o Facebook admitiu que o número ascendia aos 87 milhões de utilizadores.
Na véspera do início destas audições no Congresso norte-americano, as agências internacionais citaram um texto no qual Mark Zuckerberg assume que foi um "erro pessoal" ao não ter feito o suficiente para combater os abusos que afetaram a rede social, lançada em 2004.
"Não fizemos o suficiente para impedir que estas ferramentas fossem mal utilizadas (...). Não tomámos uma medida suficientemente grande perante as nossas responsabilidades e foi um grande erro. Foi um erro meu e peço desculpa", segundo o texto que Zuckerberg irá transmitir ao Congresso, citado pelas agências internacionais.
Na sequência deste escândalo, outros órgãos nacionais e internacionais solicitaram a presença de Mark Zuckerberg para prestar esclarecimentos. Foi o caso do Parlamento Europeu e do Parlamento do Reino Unido. Nos dois casos, o convite foi, até à data, recusado.
Na sexta-feira, a Comissão Europeia afirmou ter tido indicações do Facebook que dados de "até 2,7 milhões" de utilizadores daquela rede social a residir na União Europeia poderiam ter sido transmitidos de "maneira inapropriada" à empresa britânica Cambridge Analytica.
Em Portugal, o número de utilizadores afetados poderá rondar os 63.080. Veja aqui se a Cambridge Analytica teve acesso aos seus dados pessoais.
Notícia atualizada às 00h31