
Mohammed Salem/Reuters
Um relatório da ONU voltou a alertar que na Faixa de Gaza vivem cerca de dois milhões de pessoas numa situação humanitária grave, devido ao bloqueio de Israel que dura há uma década.
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Falta eletricidade. Falta água potável. Faltam alimentos. Faltam cuidados de saúde básicos. Faltam medicamentos. Falta combustível. Falta segurança. Falta tudo em Gaza.
"Nenhuma criança até aos 11 anos teve a experiência de ter luz mais do que 12 horas por dia" e há crianças que "nunca viram água potável a sair de uma torneira", começa assim o relatório de Robert Piper, coordenador para ajuda humanitária e atividades de desenvolvimento das Nações Unidas, divulgado na semana passada.
Ainda na introdução do documento, Robert Piper acrescenta: "A vida em Gaza tem estado em crise perpétua" nos últimos dez anos, desde os acontecimentos dramáticos de 2006-2007 que deixaram a Faixa de Gaza isolada e separada da Cisjordânia.
Uma das situações mais graves é a falta de cuidados de saúde. O fotógrafo da Reuters, Mohammed Salem, visita regularmente hospitais para ilustrar a luta diária devido à escassez de recursos humanos e medicamentos.
A ONU pede, por isso, a Israel, à Autoridade Palestiniana, ao Hamas e também à comunidade internacional que tomem medidas para que seja novamente possível a mobilidade de pessoas e bens. Sem isso, sublinha a ONU, "Gaza ficará mais isolada e desesperada, aumentará a ameaça de uma nova escalada do conflito e as perspetivas de reconciliação entre palestinianos, bem como as hipóteses de paz entre Israel e a Palestina, vão diminuir".
Já esta semana, o Comité especial das Nações Unidas acusou Israel de agravar os direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados. Em comunicado, publicado depois da visita anual do Comité a Amã (Jordânia), condenam a degradação da situação em Gaza, a falta de proteção dos menores palestinianos detidos e os obstáculos cada vez maiores que enfrentam ativistas e jornalistas.
No entanto, Israel não reconhece o Comité e, por isso, os seus membros não falaram com as autoridades israelitas nem tiveram acesso aos territórios ocupados.