Fatos insufláveis confundem polícia de imigração dos EUA: "Se alguém está disfarçado, não vai fazer nada que justifique ser perseguido"
A "Operation Inflation" usa fatos de animais ou de figuras de animação para enfrentar a polícia de imigração norte-americana. O objetivo é que seja mais seguro protestar nas ruas: "Não somos violentos. Somos apenas pessoas chateadas com o que está a acontecer"
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Multidões de manifestantes são esperadas, este sábado, em milhares de locais nos Estados Unidos em ações que, segundo os organizadores, querem contestar as medidas políticas cada vez mais autoritárias do Presidente Donald Trump. Os protestos foram convocados por uma coligação de organizações, incluindo grupos de direitos humanos e sindicatos, que apelaram a um dia nacional de protesto em mais de dois mil locais em todo o país. Em Portland, por exemplo, nasceu um movimento — a "Operation Inflation" — que usa fatos de animais ou de figuras de animação para enfrentar a polícia de imigração norte-americana. São fatos coloridos e amistosos, em vez de roupas ou objetos que as autoridades considerem agressivos.
Brooks Brown e um amigo viram uma pessoa, vestida com um disfarce insuflável de sapo, a ser atacada com gás pimenta. E assim surgiu a ideia: "Decidimos criar um site para as pessoas poderem doar dinheiro para comprar disfarces. A partir daí, as coisas cresceram. Começámos lentamente a conseguir enviar vários disfarces para as pessoas", conta Brooks Brown, sublinhando que, assim, é mais seguro protestar.
As pessoas que querem saber deste problema estão com medo de protestar, porque não querem entrar em lutas, nem ser alvo de gás lacrimogéneo. Mas quando se percebeu que isto são pessoas disfarçadas a dançar, o número de pessoas dispostas a sair à rua aumentou. Até as famílias e pessoas mais velhas, em cadeiras de rodas, que achavam que era perigoso protestar, têm agora uma voz
Há fatos insufláveis para todos os gostos, como dinossauros coloridos, unicórnios e outros animais. Quando surgem nos protestos, até a polícia fica confusa, diz Brooks Brown: "Primeiro ficámos confusos com a reação, mas depois ouvimos um polícia dizer que se alguém está num disfarce, não vai fazer nada que justifique ser perseguido."
O movimento está a crescer através da internet e já vai além deste grupo de amigos: "As pessoas trazem os próprios disfarces ou apenas aparecem nos protestos. Não somos violentos. Somos apenas pessoas que estão chateadas com o que está a acontecer."
"Adorava que Trump se disfarçasse de uma pasta com os documentos de Jeffrey Epstein"
A "Operation Inflation" continua a querer aumentar a segurança de quem quer protestar. Nos últimos dias conseguiram doar perto de 200 disfarces. E, se tivesse de enviar um fato insuflável a Donald Trump, Brooks Brown sabe exatamente o que escolheria: "Adorava que Donald Trump se disfarçasse de uma pasta com os documentos de Jeffrey Epstein."
Esta é a segunda vaga de manifestações sob o lema "No Kings" ("Sem Reis", em português). A primeira teve lugar em junho e é o terceiro movimento de contestação contra a administração republicana de Trump que ocorre este ano.
Os protestos também acontecem fora dos Estados Unidos, nomeadamente na Europa, com ações convocadas para cidades como Lisboa e Madrid.
