Felipe González: "Não é crível que os resultados anunciados reflitam a vontade do povo venezuelano"
O antigo primeiro-ministro espanhol defende a verificação dos registos das mesas de voto da Venezuela (mais de 16 mil) e que as atas respetivas possam ser entregues à oposição, para que "a vontade democrática dos cidadãos da Venezuela seja respeitada"
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Em comunicado de quatro pontos, remetido à imprensa pela fundação com o seu nome, Felipe González, afirma que "não é crível que os resultados anunciados reflitam a vontade do povo venezuelano expressa ontem [domingo] nas urnas".
Por conseguinte, afirma o socialista que governou Espanha em boa parte dos anos oitenta do século passado, que "é vital garantir a validade do processo eleitoral, incluindo a contagem detalhada dos votos e a entrega de todos e cada um dos registos de votação das mesas de voto às testemunhas da oposição", alinhando assim com reivindicações da oposição que reclama vitória, tal como vários antigos estadistas conservadores latino-americanos, como o mexicano Vicente Fox e o colombiano Andres Pastrana.
Para o histórico líder do PSOE, só com essa verificação dos registos, e "uma vez verificadas as atas, uma a uma, os resultados devem ser verificados e contrastados com a informação obtida nos processos automatizados". González acredita que "somente realizando estes processos será possível garantir resultados verificáveis e que a vontade democrática dos cidadãos da Venezuela seja respeitada".
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou que o Presidente cessante Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos.
Maduro obteve 5,15 milhões de votos, à frente do candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões (44,2%), de acordo com os números oficiais anunciados pelo presidente do CNE, Elvis Amoroso.
Os resultados foram anunciados depois de contados 80% dos boletins de voto e 59% dos eleitores terem comparecido às urnas. O resultado "é irreversível", declarou.