Segundo colocado nas sondagens, o homem que substituiu Lula da Silva é ainda aquele que aparece melhor nos cenários de uma segunda volta para derrotar Jair Bolsonaro. O paulistano, doutor em Filosofia, foi ministro da Educação, liderou o município de São Paulo, mas falhou a reeleição.
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Fernando Haddad, 55 anos, paulistano, foi ministro da Educação nos governos de Lula e Dilma até voltar à política na cidade natal para ser, durante quatro anos, presidente da Câmara de São Paulo ao derrotar na segunda volta José Serra, que tinha sido candidato presidencial.
Cresceu no bairro do planalto paulista, fez o secundário no Colégio Bandeirantes, antes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP. Bacharel em Direito, mestre em Economia, doutor em Filosofia. A tese intitulada "De Marx a Habermas - O Materialismo Histórico e seu paradigma adequado" revela a leitura crítica do marxismo e trotskismo ao pensamento da Escola de Frankfurt. Depois de vários anos a trabalhar como analista, voltou à universidade para ser professor de Ciência Política. Tinha 34 anos.
Trabalhou no Ministério do Planeamento com Guido Mantega no primeiro governo Lula, sendo o autor da lei das parcerias público-privadas e já no ministério da Educação desenvolveu o programa Universidade para Todos. Foi ainda na gestão de Haddad que o ensino obrigatório passou para nove anos. Além de inúmeras medidas no setor da educação, lançou o plano Brasil sem homofobia.
Na prefeitura de São Paulo, apostou na mobilidade urbana, com a defesa do uso de bicicletas, aumento exponencial da rede de ciclovias e redução do volume de automóveis. O Wall Street Journal disse que se Haddad "fosse o chefe de São Francisco, Berlim ou alguma outra metrópole, seria considerado um visionário urbano".
Mas os trunfos não foram suficientes para garantir a reeleição. Foi derrotado na primeira volta pelo candidato João Doria Júnior, do PSDB, em outubro de 2016. Foi a primeira eleição desde 1992 em que um candidato do PT não chegou à segunda volta.
Haddad tem agora um teste nacional à popularidade, ao substituir Luis Inácio Lula da Silva como candidato presidencial. As intenções de voto parecem ter estagnado nos 23%, mas a maior parte das sondagens dão-lhe vantagem sobre Bolsonaro numa fase decisiva, uma eventual segunda volta - embora os números apontem para empate técnico entre o candidato do partido dos Trabalhadores e o do Partido Social Liberal.
Quando Fernando nasceu, segundo numa família com três filhos, o pai Khalil tinha emigrado do Líbano para o Brasil oito anos antes. Estabeleceu-se como comerciante na área dos tecidos. A mãe era uma professora crente, que lia o Evangelho todas as noites, e incutiu no filho o hábito de rezar antes de dormir, hábito que Fernando Haddad mantém até aos dias de hoje. Ou não fosse esta a família de um antigo padre da Igreja Ortodoxa Grega de Antioquia, o avô de quem Fernando guarda a fotografia na carteira.