O conflito da Rússia contra a Ucrânia será um dos temas das conversas na cerimónia
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Os aliados ocidentais celebram esta quinta-feira os 80 anos do desembarque da Normandia, França, que foi decisivo para o curso da II Guerra Mundial na Europa, numa altura em que a guerra assola novamente o continente.
O conflito da Rússia contra a Ucrânia, iniciado em fevereiro de 2022, será um dos temas das conversas na cerimónia, mas também em encontros bilaterais do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, um dos convidados.
A cerimónia na Normandia vai contar com chefes de Estado como Emmanuel Macron (França), Joe Biden (Estados Unidos), Sergio Mattarella (Itália) e do Rei Carlos III (Reino Unido), bem como o chanceler alemão, Olaf Scholz.
A Rússia, convidada há 10 anos e antiga aliada dos Estados Unidos e do Reino Unido contra a Alemanha nazi, foi formalmente excluída das cerimónias devido à invasão da Ucrânia, numa ausência simbólica das tensões atuais na Europa. Vladimir Putin não foi convidado. O que, para a historiadora Irene Flunser Pimentel, faz todo o sentido.
"Foram convidados todos os países que participaram no desembarque da Normandia, que não foi o caso da União Soviética que tinha outra frente, no leste, contra a Alemanha nazi e foi convidado, segundo penso, Scholz da Alemanha unificada, que já nada tem a ver também com a Alemanha nazi. Esta exclusão faz sentido porque esses países que participaram na batalha da Normandia neste momento fazem parte da Europa, do chamado Ociente e da NATO que não está em guerra aberta com a Rússia, mas está num processo de defesa e de ajuda à defesa da Ucrânia, considerando que foi invadida pela Rússia", explicou à TSF Irene Flunser Pimentel.
A historiadora admite ainda que esta exclusão da Rússia tem também por base o conflito na Ucrânia.
"A defesa da Ucrânia está neste momento a ser apoiada muito mais vigorosamente devido a um momento crucial em que a Rússia está a obter algumas vitórias nessa invasão, mas isto remete também para o desembarque. Duas guerras na Europa, de agressão, uma delas entre 1939 a 1945 perpetrada pela Alemanha nazi e agora uma guerra, também na Europa, perpetrada pela Rússia, há dois anos, invadindo um país soberano. Esperamos que a guerra termine o mais brevemente possível e não haja uma escalada como se teme neste momento", afirmou a historiadora.
Irene Flunser Pimentel deixa ainda claro que o Dia D, que agora completa 80 anos, é uma data muito especial que não pôs um ponto final na guerra, mas contribuiu muito para isso.
"Esse dia foi um ponto de viragem. Não foi único, não significou o fim da guerra, mas significou uma viragem através da abertura de uma nova frente ocidental no combate ao nazismo e aos seus aliados. Ainda teve de se esperar alguns meses, de resistência civil e militar, contra a Alemanha nazi, que acabou por ser derrotada em maio de 1945 a ocidente, através dos aliados ocidentais, e a oriente, a leste, através das tropas da União Soviética que invadiram e tomaram Berlim", acrescentou.
Em 06 de junho de 1944, mais de 156.000 militares desembarcaram nas costas da Normandia em cinco praias que receberam os nomes de código Omaha, Gold, Juno, Sword e Utah.
A força era constituída principalmente por tropas norte-americanas, britânicas e canadianas, mas a operação incluiu apoio naval, aéreo e terrestre australiano, belga, checo, holandês, francês, grego, neozelandês, norueguês e polaco.
O Dia D, como ficou para a História, foi a maior invasão anfíbia da guerra, e permitiu abrir uma nova frente, aliviando a pressão sobre a União Soviética a Leste.
A II Guerra Mundial (1939-1945) só viria a terminar cerca de um ano depois, em agosto, com a rendição do Japão após o lançamento de bombas atómicas norte-americanas em Hiroshima e Nagasaki, três meses depois da capitulação alemã.
Joe Biden inicia uma visita oficial a França após as celebrações e, segundo a presidência francesa, vai reunir-se com Emmanuel Macron no sábado.
"Numa altura em que, 80 anos após a Libertação da Europa, a guerra regressa ao continente, os dois presidentes vão discutir o apoio inabalável e a longo prazo a dar à Ucrânia", disse a presidência francesa.
Aos encontros na Normandia, seguem-se oportunidades para novas conversas nas cimeiras do G7 (as sete maiores economias mundiais), de 13 a 15 de junho, em Itália, e da NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte), de 09 a 11 de julho, nos Estados Unidos.
