Filho de português na equipa de resgate a Julen. A morte do pai traçou-lhe a vocação
Faltam apenas dois metros de escavações para chegar ao local onde estará a criança de dois anos presa há 12 dias.
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Entre os mineiros que descem ao túnel para resgatar Julen, a criança que há 12 dias caiu num poço em Totalán, Málaga, está o filho de um português.
A morte do pai de Lázaro Alves Gutiérrez, Eduardo Augusto Alves, foi o que o motivou a ingressar a Brigada de Salvamento.
O português residente em Gijón morreu aos 35 anos num acidente em Nicolasa, naquela que foi a maior tragédia mineira das Astúrias da última metade do século XX.
Eduardo Augusto Alves, natural de Quintela de Lampazas, em Bragança, passou metade de sua vida a extrair carvão.
No dia 31 de agosto de 1995, desceu como todos os dias a 400 metros de profundidade. Já passavam das três da manhã quando uma explosão provocada por um acidente com um saco de grisu (mistura de gás de metano e ar) provocou a morte ao português e outros 13 mineiros.
Lázaro e o irmão ficaram sem pai, não tinham ainda dez anos de idade. O acidente ficou, até hoje, por explicar.
Conta o El Mundo que a equipa de oito mineiros das Astúrias destacados para o resgate estão ainda Maudillo Suárez, o veterano com na Brigada de Salvamento; José Antonio Huerta, uma das contratações mais recentes; Jesús Fernández Prado, também com dez anos de experiência e um aficionado de esqui e mergulho; Rubén García Ares e Adrián Villaroel.
O túnel horizontal para resgatar a criança de dois anos já tem dois metros de comprimento dos quatro necessários para chegar até ao local onde se estima estar Julen.
A galeria começou a ser escavada à mão pelos mineiros esta quinta-feira, a partir do túnel paralelo ao buraco profundo e estreito onde a criança caiu.
As complexas características do terreno tornaram necessárias já duas pequenas explosões controladas, que exigiram a intervenção da Guarda Civil, conforme relatou a subdelegação do Governo em Málaga.
Trata-se de uma operação muito complexa e trabalhosa porque os mineiros têm de subir e descer dois a dois, numa cápsula própria, pelo túnel aberto com maquinaria pesada.
Até depois das 02h30 (01h30 em Lisboa) permanecia no local um pequeno grupo de pessoas que participaram numa vigília de apoio à criança (Julen) e sua família, na qual num primeiro momento estiveram também os pais do menino, José Roselló e Victoria García.