O antigo presidente do governo espanhol, Felipe González defendeu que Carles Puigdemont deve enfrentar a justiça, tendo em conta que essa é "a primeira obrigação" de quem se diz democrata.
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O ex-chefe do executivo espanhol disse desconhecer a alegada intenção de Carles Puigdemont de encerrar o processo independentista, mas considerou importante "recordar" ao antigo presidente da Generalitat da Catalunha que, como qualquer cidadão, também ele tem "direitos e obrigações", sendo a "primeira" delas a de enfrentar a justiça "quando é procurado".
"É preciso recordar a Puigdemont que é um cidadão com direitos e obrigações. E, a primeira obrigação de um cidadão democrata é pôr-se à disposição da justiça quando é procurado", afirmou González, considerando que "se [Puigdemont] se sente inocente, não [terá] qualquer problema".
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Felipe González falava em Bruxelas, à margem da cerimónia de inauguração da Sala Mário Soares, no dia em que um canal de televisão espanhol - Telecinco - relata uma conversa entre Carles Puigdemont e um dos ex-conselheiros do governo regional, Toni Comín, que também se encontra em Bruxelas. Puigdemont dá sinais de querer render-se.
"Suponho ser claro para ti que isto terminou. Os nossos sacrificaram-nos, pelo menos a mim. Vocês serão conselheiros (espero e desejo), mas eu fui sacrificado", terá escrito Puigdemont numa das mensagens, que não foi desmentida.
Um eurodeputado catalão comentou com a TSF/DN que seria "uma surpresa" se as declarações que "desconhecia" correspondessem à realidade, pois do seu ponto de vista, o "processo independentista está vivo e muito forte", garantindo que "não terminou, de maneira nenhuma".
Carles Puigdemont já veio entretanto comentar a suas mensagens na rede social Twitter, enquanto "humano" também tem "momentos em que também eu duvido. Também sou o presidente e não me vou encolher nem vou recuar".
Tanto Puigdemont como Comín consideraram que a "violação da privacidade tem limites", referindo-se à divulgação das mensagens de "terceiros" pela Telecinco. Pelo menos o ex-conselheiro Toni Comín deu instruções ao seu advogado para mover o processo contra o canal de televisão.