Candidatura à Aliança Atlântica põe fim a décadas de neutralidade e pode ser encarada por Moscovo como uma provocação.
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O Presidente e a primeira-ministra da Finlândia anunciaram esta quinta-feira a decisão de avançar uma candidatura à NATO, pondo fim a décadas de neutralidade.
"Ser membro da NATO vai reforçar a segurança da Finlândia", defendem o Presidente Sauli Niinisto e a primeira-ministra Sanna Marin, num comunicado conjunto divulgado esta quinta-feira. "Como membro da NATO, a Finlândia vai reforçar a aliança no seu conjunto."
A Finlândia deve formalizar a candidatura à Aliança Atlântica "sem demoras", pode ler-se. "Esperamos que as medidas a nível nacional que ainda são necessárias para tomarmos essa decisão sejam aplicadas rapidamente nos próximos dias."
A decisão deve ser anunciada oficialmente no próximo domingo em Helsínquia.
Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Finlândia, Pekka Haavisto, afirmou no Parlamento Europeu, em Bruxelas, que a organização ficará fortalecida com este novo aliado.
"Estou convicto que a Finlândia dará valor acrescentado à NATO", disse o chefe da diplomacia finlandesa, intervindo na comissão de Assuntos Externos no Parlamento Europeu.
A Finlândia, segundo explicou Haavisto aos eurodeputados que integram a comissão, tem um exército com 280 mil forças e 900 mil reservistas que "reforçará a segurança e a estabilidade na região do mar Báltico e do norte da Europa".
Uma sondagem publicada na segunda-feira pela emissora pública Yle revela que 76% dos finlandeses apoiam a adesão à aliança, quando nos últimos anos, antes da guerra na Ucrânia, apenas entre 20 e 30% se mostravam favoráveis.
A Finlândia partilha uma fronteira de quase 1300 quilómetros com a Rússia e Moscovo já ameaçou Helsínquia para as "consequências" em caso de candidatura à aliança.
"Se aderirmos [à NATO], a minha resposta [à Rússia] será: 'Foram vocês que fizeram isto, vejam-se ao espelho'", afirmou o chefe de Estado finlandês, em resposta, com a ressalva de que o país não se posiciona "contra ninguém" ao tomar esta decisão.
Embora a candidatura leve normalmente meses ou anos, já que os candidatos têm de passar por discussões formais com os líderes da NATO e obter uma aprovação unânime, a Finlândia terá, provavelmente, um processo mais rápido e facilitado.
Nas últimas semanas, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que a aliança militar acolheria a Finlândia e a Suécia -- países com Forças Armadas "fortes e modernas" -- "de braços abertos" e espera que o processo de adesão seja rápido e tranquilo.