Flotilha entra na zona de risco com destino à Faixa de Gaza. "Navios não identificados" aproximaram-se de vários barcos
A flotilha também reportou um "aumento da atividade de drones" a sobrevoar as embarcações
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A Flotilha Global Sumud emitiu um alerta esta madrugada a informar que navios não identificados tinham-se aproximados de vários dos barcos que compõem o grupo, em águas internacionais onde Israel intercetou outras embarcações.
"Embarcações não identificadas aproximaram-se de vários barcos da flotilha, alguns com as luzes apagadas", anunciou a flotilha, na plataforma de mensagens Telegram às 03h30 (hora de Lisboa).
"Os participantes aplicaram protocolos de segurança em preparação para uma interceção", mas, entretanto, "as embarcações já abandonaram a flotilha", acrescentou a organização.
"Continuamos a navegar para Gaza, aproximando-nos da marca das 120 milhas náuticas [220 quilómetros], perto da zona onde as flotilhas anteriores foram interceptadas e/ou atacadas", sublinhou a mensagem.
Antes, o grupo emitiu outro alerta a informar que tinha entrado na "zona de risco elevado", área em águas internacionais onde Israel já tinha intercetado outras embarcações.
"Estamos em alerta máximo", anunciou a flotilha, na plataforma de mensagens Telegram às 01h03 (hora de Lisboa).
"Entrámos na zona de risco elevado, a área onde as flotilhas anteriores foram atacadas ou intercetadas. Mantenham-se em alerta", acrescentou.
A flotilha também reportou um "aumento da atividade de drones" a sobrevoar as embarcações.
O grupo, composto por mais de 50 embarcações, já tinha mencionado um "aumento da atividade de 'drones'" a sobrevoar os barcos.
A Marinha israelita disse estar pronta para intercetar a Flotilha Global Sumud.
Fontes militares indicaram à estação pública israelita Kan que a Marinha israelita planeia transferir os ativistas para um grande navio militar e rebocar as embarcações para o porto de Ashdod, com a possibilidade de algumas serem afundadas no mar.
Israel tem reiterado que não permitirá a entrada da flotilha nas águas de Gaza, mantendo o bloqueio imposto ao enclave palestiniano.
O Governo reiterou na terça-feira o apelo aos ativistas portugueses a bordo da flotilha que pretende levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza para que se mantenham em águas internacionais, alertando para “riscos muito sérios”.
“Dada a informação disponível sobre a localização atual da flotilha, fazemos um novo apelo a que não deixem as águas internacionais; sair desse espaço comporta riscos muito sérios de que estarão decerto cientes”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, à líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, à atriz Sofia Aparício e ao ativista Miguel Duarte.
“Sem pôr em causa o respeito pela autonomia individual, deixamos este novo apelo e recordamos que há disponibilidade efetiva para fazer chegar a ajuda humanitária que transportam a Gaza através de Chipre”, insistiu o Governo.
Esta proposta, avançada por Itália e que teria a colaboração da Igreja Católica, já foi rejeitada pelos ativistas, que afirmam querer romper o bloqueio israelita ao enclave palestiniano.
A Flotilha Global Sumud é considerada a maior flotilha humanitária organizada até ao momento.
A guerra em curso em Gaza foi intensificada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas a7 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1200 mortos e 251 reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 66 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 400 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.
