Flotilha intercetada pela Marinha israelita: Mariana Mortágua e Sofia Aparício terão sido "detidas"
"Muito provavelmente, se estão a ver este vídeo, é porque fui levada contra a minha vontade para uma detenção, por forças israelitas agindo contra a lei internacional", afirma Mortágua num vídeo previamente gravado
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A Flotilha Global Sumud que transporta ajuda para Gaza foi intercetados durante a tarde desta quarta-feira pela Marinha israelita. A líder do BE, Mariana Mortágua, e a ativista Sofia Aparício terão sido detidas.
De acordo com Joana Mortágua, a bloquista e a ativista já foram detidas pelas autoridades israelitas, depois de o navio onde seguiam, o Adara, ter sido intercetado. Também segundo Fabian Figueiredo adiantou à SIC, Miguel Duarte teria sido levado, mas o próprio, num direto nas redes sociais, explicou que o barco onde seguia ainda não tinha sido abordado pelas autoridades israelitas.
Nas redes sociais de Mariana Mortágua, a própria explica que, caso o vídeo que fez tenha sido publicado, significa que "foi levada contra a sua vontade" e, por isso, pede que o Governo português seja contactado.
"Muito provavelmente, se estão a ver este vídeo, é porque fui levada contra a minha vontade para uma detenção, por forças israelitas agindo contra a lei internacional. Se for esse o caso, peço-vos que contactem o governo português para que faça todos os esforços para garantir a libertação não só de mim própria, de Sofia Aparício e de Miguel Duarte, a delegação portuguesa, mas de todos os participantes desta missão", explicou a política.
Eram 18h36, hora de Portugal continental, quando o livefeed de alguns dos barcos da flotilha foram cortados. Perdeu-se o contacto com os navios de onde as câmaras de segurança estavam a transmitir em direto. Um minuto antes, a embarcação Alma, que é uma das principais embarcações desta missão e na qual segue a deputada Mariana Mortágua, avisava todas as outras embarcações para se prepararem para a interseção depois deste alerta lançado.
Um pouco antes, foi possível ver os ativistas subirem ao convés, uns ajoelharam-se, outros sentaram-se todos à espera do momento em que entrariam no barco as forças israelitas.
Mariana Mortágua, numa curta declaração por videochamada com a RTP, contava que a interseção israelita já estava em curso.
"Posso revelar que, neste preciso momento, há um barco a aproximar-se do meu barco e, portanto, está um bocadinho confuso para poder descrever. É possível que a abordagem ao nosso barco esteja a acontecer agora mesmo. O Alma foi contactado por rádio pelas forças israelitas, a dizer que iriam parar todos os navios. E está um barco, neste momento, a abordar a nossa própria embarcação", revelou.
A bloquista preparou-se para essa interseção, ao mesmo tempo que o organizador da frota também afirmava, num comunicado, que os navios israelitas já estavam a cercar o Alma em ambos os lados e os ativistas estavam a posicionar-se e prontos para serem intercetados pela Marinha israelita.
Mais tarde, acabou por declarar, numa live para o Instagram, que a ação já estava a decorrer: "O navio foi intercetado contra o direito internacional."
Um outro português que está a bordo desta missão, Miguel Duarte, também declarações na RTP, relatava que eram pelo menos 20 os barcos que estavam a aproximar-se e que se recusaram a identificar-se. Questionado sobre o que é que os ativistas podem fazer, se e tal como já está a acontecer, Israel de intercetar as embarcações, Miguel Duarte diz que nada podem, de facto, fazer, mas trata de lembrar que são pacíficos.
"Não há muito que possamos fazer contra isso. Vamo-nos manter fiéis aos princípios da organização e desta ação humanitária. Somos uma organização não violenta, para trazer ajuda humanitária para Gaza. Se Israel tenciona trazer meios militares para nos parar, então provavelmente vai conseguir fazê-lo", afirmou.
Já às 18h00 havia informação de que a Marinha israelita estava preparada para intercetar-se a flotilha.
Israel emitiu uma ordem de paragem à flotilha de mais de 40 embarcações com ajuda humanitária destinada à Faixa de Gaza, invocando estar em vigor o seu bloqueio naval ao enclave palestiniano.
Um deputado italiano a bordo da Flotilha Global Sumud sublinhou esta quarta-feira que esta se encontrava a 90 milhas náuticas (cerca de 160 quilómetros) da Faixa de Gaza e que nunca houve uma missão tão perto daquele território palestiniano, depois de 10 ativistas terem sido mortos por Israel um pouco mais longe em 2019.
