FMI alerta que incerteza exige flexibilidade na normalização da política monetária
"A elevada incerteza exige que o ritmo de normalização da política monetária permaneça flexível e dependente dos dados", refere a instituição.
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) avisa que a elevada incerteza obriga a flexibilidade para a normalização da política monetária, mas considera que uma ação mais rápida do Banco Central Europeu (BCE) não pode ser descartada.
"De forma geral, a elevada incerteza exige que o ritmo de normalização da política monetária permaneça flexível e dependente dos dados", refere o "Regional Outlook" dedicado à Europa, publicado esta sexta-feira.
Na análise que se debruça sobre a Europa, o FMI assinala que a expectativa do BCE concluir as compras líquidas de ativos no terceiro trimestre deste ano "é apropriada".
"O momento dos aumentos das taxas de juros daí em diante terá de ser em função da evolução das perspetivas para a inflação", acrescenta.
De acordo com a instituição liderada por Kristalina Georgieva, o BCE irá ter de "gerir cuidadosamente a redução da compra de ativos para evitar efeitos devastadores e ficar atento à fragmentação das condições financeiras no caso dos riscos negativos se materializarem".
"Ao mesmo tempo, a normalização mais rápida não pode ser descartada, a inflação continua a surpreender para o lado ascendente e as pressões salariais aumentam", acrescenta.
O FMI assinala ainda que o aumento da incerteza exige que as "políticas orçamentais e monetárias respondam com agilidade a eventos em rápida mudança".
No entanto, defende que "a política orçamental é mais adequada para lidar com os choques mais recentes do que a política monetária", defendendo que os estabilizadores automáticos devem funcionar livremente, enquanto as despesas adicionais sejam alocadas ao apoio humanitário a refugiados, bem como a transferências temporárias para famílias vulneráveis e empresas viáveis que sofrem do impacto dos preços da energia e da alimentação.
Destacando que a guerra na Ucrânia agravou os desafios de políticas criados pela pandemia, projeta que grande parte da Europa irá registar uma contração na atividade no próximo semestre.
"Os choques mais recentes são, em grande medida, de natureza permanente e atingem o lado da oferta. Tais choques tendem a exigir um ajuste nos padrões de vida dos importadores de 'commodities'", refere a análise do FMI.
A instituição de Bretton Woods salienta que a tarefa dos decisores políticos é facilitar um ajuste gradual a esses choques, incluindo preços mais altos de 'commodities' e novas fontes de energia.
"Para os decisores políticos europeus, os principais desafios são claros: cuidados para os refugiados, ajudar famílias vulneráveis e as empresas a lidar com maiores gastos com energia, melhorar a segurança energética e, em concertação com os parceiros sociais, garantir que as expectativas de salários e preços permaneçam bem ancorados", acrescenta.