João Gomes Cravinho falava à margem da reunião da NATO, onde se criticou a ofensiva turca na Síria.
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O ministro da defesa, João Gomes Cravinho considerou hoje que a retirada das tropas americanas da Síria foi precipitada.
A falar à margem de uma reunião ministerial, na sede da Aliança Atlântica, em Bruxelas, João Gomes Cravinho deu conta dos resultados uma reunião, na qual os ministros prepararam a cimeira da Nato, que terá lugar em Londres, em Dezembro.
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"Em relação à Síria, - como seria de esperar -, houve uma grande convergência, com exceção da posição da Turquia, que enfrentou aqui algum isolamento", afirmou o governante, acrescentando que "a Turquia procurou explicar o seu ponto de vista sobre a Síria, mas houve reiterados apelos à Turquia para que cessasse as hostilidades e retirasse as suas forças da Síria".
Os ministros da defesa da nato condenam a atuação da Ankara, embora reconheçam que do ponto de vista geográfico, a Turquia está exposta a diversas ameaças, como o terrorismo.
"Enquanto aliado da Turquia na NATO, compreendemos essas particularidades únicas", afirmou, reconhecendo que "a Turquia está, de facto, muito exposta ao terrorismo vindo da Síria, e está muito exposta a fluxos de refugiados vindos da Síria, fruto da guerra civil e instabilidade no país".
"Estamos obviamente muitíssimos empenhados em apoiar a Turquia a lidar com essas ameaças", frisou. "Não estamos é de acordo que a intervenção atual de Turquia, violando a integridade territorial da Síria, seja a maneira adequada de responder a esses problemas".
Na reunião em que participaram os 29 governos dos países da Nato, os ministros pediram explicações ao primeiro-ministro turco. "Eu ouvi uma intervenção muito crítica por parte do secretário da Defesa dos Estados Unidos em relação à ofensiva turca. Foi talvez dos mais severos em condenar a ofensiva e exigir o fim das hostilidades", afirmou João Gomes Cravinho.
Por sua vez, o ministro turco "indicou que achava que as nossas opiniões estavam influenciadas por o que ele chama de "fake news" - notícias falsas, vindas do que ele classifica como fontes terroristas curdas".
O ministro escusa-se a relacionar a intervenção turca com a retirada das tropas americanas do norte da Síria, mas não deixa de atribuir algumas críticas aos Estados Unidos. "Foi precipitada a retirada de tropas americanas", considerou o ministro, admitindo que a decisão da administração de Donald Trump "criou um vazio que levou a esta situação".
"Contudo, ao mesmo tempo, não é possível dizer que a ação turca foi determinada pelos Estados-Unidos, por a Turquia é responsável por aquilo que faz, e fê-lo por vontade própria", afirmou o ministro.
Sobre uma eventual missão de natureza militar da União Europeia, o ministro lembrou que a União "não tem missões militares executivas próprias", mas pode debater o assunto.
"Vai depender muito daquilo que forem as intenções da Turquia. O resultado desta incursão da Turquia no Norte da Síria reforçou as posições da Rússia. Obviamente, temos de pensar sobre como queremos posicionar-nos face a este reforço da posição russa na Síria", disse