Vídeo mostra carro arrastado por mar de lama. Ocupantes sobreviveram para contar a história
Elias Nunes e Sebastião Gomes podiam ter sido "esmagados como grãos de areia" depois de barragem de Brumadinho colapsar. Escaparam ilesos e agora contam pelo que passaram.
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Primeiro, ouviu um "barulho muito forte" e pensou que o comboio tivesse descarrilado. Só depois viu que um mar de lama se precipitava a grande velocidade na sua direção.
Elias Nunes, de 43, estava a trabalhar na Mina do Feijão em Brumadinho, Brasil, quando uma das barragens nas quais se armazenavam resíduos minerais rebentou, provocando uma avalanche de lama que destruiu tudo à sua passagem ao longo de quilómetros.
Quando se apercebeu do que estava a acontecer, gritou ao colega Sebastião Gomes que corresse para um carro, conta Elias Nunes numa entrevista divulgada pela BBC. Tentaram fugir, mas viram-se cercados e acabaram por ser arrastados pela lama.
Foi tudo filmado pelas câmaras de segurança da empresa Vale, mas quem vê as imagens dificilmente acredita que os ocupantes do carro tivessem conseguido sobreviver. Também Elias Nunes e Sebastião Gomes pensaram que a sua vida acabava ali, enfrentaram "a morte frente a frente".
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"A nossa hora chegou", aceitaram, e só rezaram. A carrinha foi arrastada à superfície em vez de ser soterrada. Podia ter sido "esmagada como um grão de areia", diz Elias Nunes, mas não foi.
Ambos escaparam ilesos e segundo a Folha de São Paulo ainda conseguiram resgatar um colega, Leandro Cândido, de 37 anos, que ficou ferido sem gravidade, com uma perna partida e um corte que levou 22 pontos no braço.
O número de mortos da rutura da barragem a 25 de janeiro aumentou para 142, havendo ainda 194 pessoas desaparecidas, segundo o último relatório da Defesa Civil.
Dez helicópteros, barcos e máquinas escavadoras continuam empenhados nas buscas, mas os trabalhos de recuperação dos corpos decorrem muito lentamente devido à complexidade do terreno e à montanha de resíduos que, em algumas áreas, atingiu os 20 metros de altura.
A justiça brasileira ordenou esta terça-feira a libertação provisória das cinco pessoas, dois engenheiros da empresa alemã Tüv Süd e três funcionários da empresa Vale, detidos por suspeitas de manipular documentos sobre a segurança da barragem.