A duas semanas para a cimeira europeia em que serão apresentados nomes para os cargos de topo "tudo está em aberto".
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António Costa esteve esta noite reunido com cinco primeiros-ministros de governos europeus, para "uma troca de opiniões entre as principais famílias políticas representadas no Conselho Europeu, sobre as futuras prioridades da União Europeia e a agenda estratégica".
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No encontro "foram identificados desafios", ou seja, ainda não há condições entre os líderes das três famílias políticas representadas em simultâneo no parlamento e no conselho, para haver um acordo e para apresentarem nomes para os cargos de topo na União Europeia.
O Partido Popular Europeu, o Partido dos Socialistas Europeus e a Aliança dos Liberais e Democratas assinaram um texto conjunto em afirmam que a reunião foi construtiva, houve convergência nos elementos da agenda estratégica, mas ainda há desafios, para ultrapassar.
Na reunião, os seis primeiros-ministros fizeram uma primeira troca de impressões sobre as futuras prioridades da União Europeia e a agenda estratégica.
Os coordenadores concordaram em consultar próprias famílias políticas. António Costa partilha com o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez a coordenação das negociações pela família socialista, que vão consultar muito em breve.
Os seis concordaram em encontrar-se muito em breve, no próximo dias, para conceituarem as discussões, salientando que os encontros informais deste grupo não se substituem aos debates formais no Conselho Europeu e no Parlamento Europeu, nem o mandato conferido ao Presidente do Conselho.
Daqui a exatamente duas semanas os governos da União Europeia esperam estar em condições de proporem os quatro nomes, para liderar a Europa nos próximos 5 anos.
A reunião desta sexta-feira acaba por representar uma nova fase nas negociações, envolvendo agora as três famílias políticas representadas simultaneamente no Conselho e no Parlamento Europeu.
Recorde-se que, numa primeira fase, Socialistas e Liberais adiantaram-se nas discussões, logo em Sibiu, Roménia, há menos de um mês. Depois das eleições europeias percebeu-se que "matematicamente é impossível" estabelecer uma maioria democrática, no Parlamento, sem envolver o PPE, como notou António Costa no final da cimeira da semana passada.
Naquela altura, a convicção entre os líderes dos governos socialistas e liberais era a de que "chegou a altura de mudar", relativamente à presidência da Comissão Europeia. A afirmação foi expressa pelo primeiro-ministro português, no final da cimeira, mas ela resume o pensamento de alguns membros do grupo que ontem voltou a encontrar-se.
Afinal, passaram "pelo menos 15 anos" com a presidência da Comissão consecutivamente a cargo de presidentes do Partido Popular Europeu, depois dos dois mandatos de José Manuel Durão Barroso (2004-2014) e de Jean-Claude Juncker.
O nome do Frans Timmermans, atual primeiro vice-presidente da Comissão Europeia e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do governo holandês ganhava realce, especialmente por ter "experiência governativa, nacional e na Europa". Este perfil, traçado até por Emmanuel Macron, é coisa que "[Manfred] Weber não tem", como notou António Costa.
Estas afirmações surgiram numa altura em que ainda não se tratava de "excluir nomes". Mas, o perfil traçado pelo núcleo de governos que pretendem construir uma "base progressista" excluíam o candidato do PPE.
Alguns governos, entre os quais o alemão, de Angela Merkel, apoiante de Weber "não valorizaram especialmente, a necessidade de haver a experiência" em governos e em Bruxelas. A chanceler alemã declarou-o publicamente dizendo "eu apoio Manfred Weber", numa altura em que, como partilhou uma fonte parlamentar com o DN, "poucos acreditam" que o alemão venha a ocupar o cargo mais valorizado, na discussão que está em curso.
Os lideres pretende fechar uma decisão até 21 de junho, a tempo de o Parlamento Europeu se poder pronunciar, na primeira reunião plenária, no início de Julho, para que possa ser formado o colégio de comissários, de modo a entrar em funções a 1 de Novembro. A decisão terá de ser enquadrada com os restantes cargos de poder.
Terão de ser decididas, em conjunto, a presidência do Conselho Europeu, a presidência do Conselho, bem como o cardo de Alta Representante para a Política Externa. Além dos equilíbrios políticos e regionais. O atual presidente do Conselho, Donald Tusk, que ontem esteve reunido, em Lisboa, com António Costa tem feito questão de afirmar que o equilíbrio de género deve ser assegurado, com "dois homens e duas mulheres nos cargos de topo".