É no consulado francês que os portugueses vão junta-se antes de voltarem a Portugal. Para trás fica uma sensação de cativeiro num país que está "em pânico".
Corpo do artigo
A sensação é clara e de alívio. É o fim de "oito dias em cativeiro". Os 17 portugueses que vivem em Wuhan saem da cidade chinesa na noite desta sexta-feira e já foram contactados pela embaixada portuguesa para receberem indicações sobre como proceder.
11757212
Fernando Miguel explica que, por volta das 18h (hora local), "alguém passará" pela sua casa para o levar - e aos portugueses que o acompanham - para o consulado francês. "Lá ser-nos-á dada toda a informação referente às condições de segurança que vamos ter."
TSF\audio\2020\01\noticias\30\fernando_miguel_1_15h_amanha
Certo é que não irão sozinhos para o consulado, tal como também não vão voar sozinhos: no voo que traz os portugueses devem seguir também vários franceses.
A sensação de cativeiro acaba. Fernando Miguel tinha chegado a Wuhan preparado para, 12 horas depois, "sair para umas miniférias" em pleno Ano Novo chinês. Foi impedido de apanhar um voo e, embora estivesse ciente do perigo que o vírus representa, reconhece que não imaginava que o mesmo fosse "tão grande".
"Uma pessoa deita-se numa noite e acorda, na manhã seguinte, com a notícia de que a cidade está encerrada e em quarentena por tempo indeterminado... Ficámos assustados", recorda o português.
TSF\audio\2020\01\noticias\30\fernando_miguel_2_cativeiro
Foi numa visita a um supermercado que tiveram noção da preocupação dos outros: "Muito assustados, todos de máscara, muito protegidos." Em oito dias, saíram "duas vezes" à rua para comprar comida.
Agora segue-se um período de "discrição e prudência", palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. Fernando Miguel compreende-as, até porque esta é uma "operação muito delicada".
TSF\audio\2020\01\noticias\30\fernando_miguel_3_compreende_o_secre
"A China está em pânico com este surto", recorda o português em Wuhan que deixa elogios à forma como Portugal conduziu o processo. "É um processo que envolve outras nacionalidades e as negociações não devem ter sido fáceis. Felizmente a embaixada também nos apoiou."
O avião que vai fazer o repatriamento de cidadãos europeus desde Wuhan saiu esta quinta-feira, cerca das 10h00, do aeroporto de Beja, tendo o comandante da companhia aérea Hi Fly garantido à Lusa estar tudo "pronto para ir e trazer as pessoas, portugueses incluídos".
De acordo com o comandante Antonios Efthymiou, o voo partiu para Paris, França, e na sexta-feira viajará para Hanói, no Vietname, de onde, depois, seguirá para a China.