Além dos 31 mortos dos últimos dias, mais de 1.500 pessoas ficaram feridas durante os protestos em Bagdad e em outros pontos do país, e o Governo decretou o estado de alerta e o recolher obrigatório na capital e em três províncias iraquianas.
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As forças de segurança do Iraque voltaram esta sexta-feira a disparar contra dezenas de manifestantes no centro de Bagdad, no quarto dia de contestação que já fez pelo menos 31 mortos em todo o país.
De acordo com os repórteres da agência France-Presse, as forças de segurança voltaram a usar armas de fogo contra os manifestantes sem terem feito tiros de aviso para o ar.
O movimento de contestação no Iraque acusa os dirigentes políticos de corrupção e exige empregos para os jovens.
Além dos 31 mortos dos últimos dias, mais de 1.500 pessoas ficaram feridas durante os protestos em Bagdad e em outros pontos do país, tendo o Governo decretado o estado de alerta e o recolher obrigatório na capital e em três províncias iraquianas: Nayaf, Bagdad (centro) e Maysan (sudeste).
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De acordo com informações oficiais, duas das vítimas mortais são membros das forças de segurança e 400 agentes ficaram feridos durante os confrontos.
O acesso à internet está parcialmente bloqueado em todo o território.
Na quinta-feira, a Amnistia Internacional denunciou o uso de armas letais por parte das forças de segurança contra os manifestantes e pediu o fim do recolher obrigatório, que considera "arbitrário", e do bloqueio à internet.
A Amnistia Internacional mostrou-se preocupada com as informações que têm sido publicadas sobre prisões arbitrárias de manifestantes e jornalistas em várias regiões do Iraque como Baçorá, Bagdad e Nayaf.
Os protestos começaram na terça-feira e foram organizados através das redes sociais.
De momento nenhum partido ou movimento político iraquiano se envolveu diretamente com a organização dos protestos, apesar de terem demonstrado solidariedade para com as vítimas da repressão e com os objetivos dos protestos.
As manifestações são sobretudo dirigidas contra o governo do primeiro-ministro Adel Abdelmahid, formado em 2018, e que tem implementado medidas de âmbito económico num país marcado por conflitos armados e pela má gestão dos recursos naturais como o petróleo.
Governo do Iraque pede a manifestantes para abandonarem as ruas
O primeiro-ministro iraquiano pediu esta sexta-feira aos manifestantes que protestam contra o Governo desde terça-feira para abandonarem as ruas e aceitarem a legitimidade do Executivo, referindo-se às medidas de segurança que foram impostas no país.
As forças de segurança do Iraque voltaram a disparar contra dezenas de manifestantes no centro de Bagdad, no quarto dia de uma contestação que já fez pelo menos 31 mortos.
De acordo com os repórteres da France-Presse, as forças de segurança usaram armas de fogo contra os manifestantes sem terem feito tiros de aviso para o ar.
O movimento de contestação no Iraque acusa os dirigentes políticos de corrupção exige empregos para os jovens e melhoria de serviços públicos como distribuição de água e eletricidade.
"Não vamos fazer promessas vagas... ou prometer aquilo que não podemos cumprir", disse o chefe do Governo na mesma mensagem, que foi transmitida pela televisão.
"Não há soluções mágicas para os problemas do Iraque" acrescentou, referindo-se ao que chamou "empenho" do Executivo junto das famílias mais carenciadas.
"As medidas de segurança que estão a ser adotadas, incluindo o recolher obrigatório temporário, são decisões difíceis. Mas, tal como os 'remédios amargos', são inevitáveis", disse, sublinhando que os cidadãos "têm de respeitar a lei" para que a normalidade seja restabelecida nos vários pontos do Iraque.
Adel Abdul-Mahdi defendeu as forças de segurança, afirmando que a escalada da tensão provocada pelos manifestantes faz aumentar a violência.
Sem especificar, disse que "lamenta verificar que alguns tenham conduzido os manifestantes para fora dos caminhos pacíficos", explorando, frisou, "intenções políticas" que não foram detalhadas.
Apesar da mensagem do primeiro-ministro, dezenas de manifestantes mantêm-se neste momento no centro da capital e muitos encontram-se acampados em várias ruas da zona.
O discurso de Adel Abdul-Mahdi ocorre ao fim de três dias de protestos que se registam em vários pontos do país.