Forte mobilização policial pela quarta noite consecutiva de confrontos em França
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Veículos blindados, unidades de elite e 45 mil homens foram mobilizados nas ruas das principais cidades francesas. O governo francês aplicou meios "excecionais" para tentar conter ciclos de violências, saques e destruição que se registam nas últimas quatro noites.
Esta sexta-feira 1300 pessoas foram detidas, mas a violência registada foi de "menor intensidade", descreveu o Ministério do Interior.
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A morte de Nahel, num controlo de trânsito na terça-feira, 27 de junho, fez regressar a tensão entre jovens e a polícia. Depois de uma quarta noite agitada, na cidade de Chêne-Pointu, perto de Paris, ninguém acredita na morte do jovem Nahel.
Os habitantes deste bairro descrevem este movimento de violência aos motins de 2005, que começaram em Clichy-sous-Bois, ao norte de Paris, lembra Willem, 16 anos.
"As pessoas têm muita raiva. Qual é a frase do rapper Ninho? 'Eles não querem incendiar tudo como em 2005. No entanto, eles cometem os mesmos erros'. Esta frase é real. Um jovem de 17 anos que é assassinado por se recusar a obedecer. Não percebemos nada neste mundo, francamente... O que é que está acontecer, o que é que eles querem?", questiona.
Estes jovens são contra os tumultos. Dizem que não vai resolver nada. "Sinceramente, sou a favor da justiça por Nahel. Não intervenho em tumultos. Não quero ter problemas com a polícia. Se houver julgamento, se o policial estiver detido e pagar uma boa sentença, isto vai acabar. Mas, para já, está longe de terminar", explica Mamoudou.
Todas as noites, os pais tentam conter os jovens mais violentos. Kamel Ghenim tenta acalmar os ânimos, mas sem sucesso. "Francamente, eles não querem ouvir, não acreditam em nada. Antes, tinham 17, 18 e 20 anos. Agora têm 14 anos, vejam o que eles fazem! Não vão à escola, quer dizer: ficam na rua, fazem qualquer coisa. Como é que querem controlar uma criança de 14, 15 anos que te responde, que te insulta, como pai? Que responde: 'Sim, sim, está tudo certo!' E que sai de casa e bate com a porta?", questiona.
Apesar disso, muitos tentam manter contacto com os jovens, esperam - talvez sem acreditar muito - que as cidades não sejam incendiadas como há 18 anos.
Esta noite de sexta-feira, registaram-se confrontos com as forças de segurança em Marselha, nos subúrbios de Paris, em Saint-Denis, mas também em Lyon e Nanterre, cidade onde vivia o jovem Nahel, morto por um policial na terça-feira.
