Primeira volta das eleições autárquicas em França, mantida em contexto de pandemia,, foi mantida a dois dias do país decretar o estado de emergência e confinamento obrigatório.
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Depois da primeira volta das eleições autárquicas em França no passado dia 15 de março, a crise sanitária levou ao adiamento da segunda volta, prevista a 22 de março. A segunda volta decorre este domingo com novas regras implementadas parar limitar os riscos de contaminação de Covid-19.
A primeira volta das eleições autárquicas em França, mantida em contexto de pandemia, a 15 de março, foi mantida a dois dias da França decretar o estado de emergência e confinamento obrigatório.
Segundo Cristina Semblano, economista e autarca cessante em Gentilly, na região parisiense, o contexto da primeira volta "levou os eleitores a interrogarem-se sobre os perigos do voto eleitoral, e respetiva deslocação às assembleias de voto", o que pode justificar o nível de abstenção histórico de 55,4%, que representa 20 pontos a mais do que nas anteriores eleições, em 2014. "É inconsciente que o governo decrete o fecho das escolas e mantenha a primeira volta das eleições", acrescenta Cristina Semblano.
Após a primeira volta das autárquicas, no passado dia 15 de março, o governo francês foi obrigado a adiar a segunda volta, "houve pelo menos dois presidentes da Câmara que morreram depois da primeira volta, houve vários assessores e delegados que foram hospitalizados", acrescenta a autarca cessante em Gentilly, também representante do Bloco de Esquerda Europa, garantindo que "há um estudo que confirma que a manutenção das eleições levou a milhares de mortes suplementares".
Os riscos inerentes ao escrutínio interrogam o aumento da taxa de abstenção este domingo. "O dia de voto é o dia em que se vai encontrar o vizinho, o amigo e vai ter-se tendência a ficar com ele e a falar com ele", exemplifica Cristina Semblano, recordando que durante a primeira volta "ainda não havia máscaras em França".
Paulo Marques, eleito à primeira volta, nas autárquicas em Aulnay-sous-Bois, na região parisiense, considera que para esta segunda volta "o protocolo sanitário está muito mais enquadrado, há muito mais conhecimento quanto à receção dos eleitores do que existia em Março deste ano" e garante que "a decisão de manter os resultados da primeira volta foi essencial para poder gerir o fator pandémico e nomeadamente as pessoas e os nossos munícipes, tendo um executivo a funcionar".
Segundo Paulo Marques, autarca lusodescendente do partido Os Republicanos, estas eleições não foram comprometidas pela abstenção, visto que "todos os eleitores foram convocados para ir às urnas. É óbvio que a democracia tem de funcionar, e funcionou. É verdade que houve uma certa taxa de abstenção, mas houve muitos executivos camarários que foram eleitos com números bem expressivos na primeira volta".
Este domingo, as medidas sanitárias foram reforçadas e os eleitores podem levar às urnas duas procurações, que permitem um exercer o voto de outra pessoa, pertencente ao mesmo município. Os eleitores mais vulneráveis face ao Covid-19 podem assim evitar deslocações às urnas, tendo a possibilidade de solicitar à guarda nacional uma procuração preparada para o efeito.
Os boletins de voto previstos para o passado dia 22 de março são utilizados este domingo, dia 28 de Junho. Para evitar contactos, o cartão de eleitor não vai ser carimbado depois de assinada a lista de identificação.
O porte de máscara é obrigatório, e toda assembleia de voto vai dispor de água e sabão ou gel desinfetante. Os eleitores podem ser solicitados a retirar a máscara para efeito de identificação.
Como para a primeira volta, as assembleias de voto foram instaladas de maneira a garantir uma distância obrigatória de pelo menos um metro entre cada pessoa.