França convoca embaixador dos EUA que acusou Paris de não combater antissemitismo
O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês considera "inaceitáveis" os comentários de Charles Kushner dirigidos a Emmanuel Macron
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A França convocou esta segunda-feira o embaixador dos Estados Unidos em Paris, Charles Kushner, após os seus “comentários inaceitáveis" dirigidos ao Presidente francês, Emmanuel Macron, que o diplomata acusou de "falta de ação suficiente" na luta contra o antissemitismo.
"As alegações do embaixador são inaceitáveis. Vão contra o direito internacional, em particular o dever de não se intrometer nos assuntos internos dos Estados, previsto pela Convenção de Viena de 1961 que rege as relações diplomáticas", sublinhou o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês na nota em que anuncia que o embaixador foi chamado ao Quai d'Orsay.
O embaixador expressou, numa carta dirigida a Macron, "a sua profunda preocupação face ao aumento do antissemitismo em França e à ausência de ações suficientes do (seu) governo para o combater".
O Governo francês "rejeita firmemente estas alegações", embora reconheça que o aumento de atos antissemitas em França desde 7 de outubro de 2023 "é uma realidade, que lamenta", acrescentou o ministério em comunicado.
Paris diz ainda que "as autoridades francesas estão plenamente empenhadas, pois estes atos são intoleráveis".
As críticas do diplomata norte-americano surgem poucos dias após um ataque violento de Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, país cujas políticas os Estados Unidos apoiam, contra o Presidente francês, a quem acusa de "alimentar o fogo antissemita" ao pedir o reconhecimento internacional do Estado da Palestina.