Justino Costa, antigo Conselheiro das Comunidades Portugueses, fala num país com os nervos em franja, onde as falhas no abastecimento de combustíveis já afetam muita gente.
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O empresário dá o seu próprio exemplo: "tenho uma reunião importantíssima amanhã em Bordéus e não sei como lá chegar. Os comboios também estão em greve. Trabalhamos, sobretudo, com empresas da construção civil e muitas estão a parar, porque os trabalhadores não conseguem chegar às obras".
Há muito radicado em França, este emigrante português afirma que "a falta de gasolina já se começa a sentir também em Paris. As pessoas estão enervadas; não conseguem ir para o trabalho; não conseguem levar os filhos à escola. Este país não pode paralisar."
Como qualquer francês, Justino Costa espera que o braço de ferro entre o governo e os sindicatos se resolva depressa. Caso contrário, poderão ter de ser chamados os militares. "O governo já disse que pode chamar o exército para garantir o funcionamento das refinarias. Se o caso se agravar suponho, que tem essa possibilidade e que a vai usar. Senão, é a revolta geral."
A proximidade do europeu de futebol pode ser mais um fator de pressão. Justino Costa não consegue imaginar o campeonato, que começa a 10 de junho, num país onde há, nesta altura, grandes problemas de mobilidade e com greves sucessivas.
O antigo elemento do Conselho das Comunidades Portuguesas diz que o mais curioso "é que há cada vez mais pessoas contra o governo por causa da nova lei. Começa a haver uma revolta geral, mesmo por parte dos que votaram neste governo. Ao mesmo tempo, também estão contra a CGT, a maior confederação sindical de França, pela forma de protesto, embora concordem com o combate à lei. É contraditório."