Tensão diplomática entre Itália e França agravou-se esta quinta-feira, com o embaixador francês em Roma chamado de regresso ao país.
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A França decidiu chamar ao país o embaixador em Itália "para consultas" sobre a crise diplomática entre os dois países, falando numa "situação grave" e de "ataques sem precedentes desde o fim da guerra" mundial.
O anúncio foi feito esta quinta-feira pela ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, que acusa Itália de "ataques sem fundamento", "declarações ultrajantes" e "repetidas acusações", segundo o Le Monde.
Isto depois do vice-primeiro-ministro da Itália, Luigi Di Maio, se ter reunido esta terça-feira com líderes do movimento "coletes amarelos", acompanhado pelo ex-deputado Alessandro Di Battisti, do partido extremista Movimento 5 Estrelas.
"A última interferência é mais uma provocação inaceitável. [Itália] viola o respeito devido à escolha democrática, feita por um povo amigável e aliado. Viola o respeito que os governos democráticos e livremente eleitos devem ter entre si ", disse o ministra dos Negócios Estrangeiros francês, Agnes Von Der Mühll, em comunicado.
O encontro dos italianos com Christophe Chalençon e Ingrid Levavasseur, que encabeçam uma lista de candidatos dos coletes amarelos às eleições no Parlamento Europeu, não caiu bem ao Governo francês, que de imediato avisou Luigi Di Maio para não interferir na política interna do país.
"O vento da mudança atravessou os Alpes", escreveu Luigi Di Maio, no Twitter.
https://twitter.com/luigidimaio/status/1092817232005136384
Tanto Di Maio como o ministro do Interior italiano e líder do partido de extrema-direita Liga, Matteo Salvini, têm vindo a criticar duramente Emmanuel Macron. Salvini já disse, inclusivamente, que espera que o povo francês se liberte em breve de um "muito mau Presidente".
O objetivo final de Matteo Salvini será organizar uma frente de extrema-direita para as eleições europeias, marcadas para 26 de maio, segundo a agência France-Presse.
"A campanha para as eleições europeias não pode justificar a falta de respeito por cada povo ou a sua democracia", sublinhou a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa. "Haver desacordos é uma coisa, instrumentalizar a relação com objetivos eleitorais é outra."
Nos últimos dias, Paris quis ouvir as explicações do embaixador italiano na capital francesa sobre as acusações de Luigi Di Maio quanto à 'exploração' que França faz dos países africanos. Uma espécie de resposta diplomática à iniciativa tomada pelo Governo transalpino, que também já solicitara explicações sobre a política de asilo e de migração de Macron.