Cinemas, teatros e museus deviam ter reaberto portas esta terça-feira, mas só o poderão fazer em 2021.
Corpo do artigo
Mediante o aumento de novos casos de Covid-19, o governo francês prolongou o fecho de cinemas, teatros e museus até janeiro. Encerrados desde o dia 30 de outubro, os espaços culturais deveriam ter voltado a abrir ao público esta terça-feira, 15 de dezembro. Descontentes com a medida, os agentes culturais saem à rua. Estão convocadas dezenas de manifestações em todo o país.
O executivo de Jean Castex anunciou um desconfinamento gradualmente a partir desta terça-feira, mas impôs um recolher obrigatório entre as 20 e as 6 horas e o fecho de todos os espaços culturais.
Durante cinco semanas, teatros, museus e cinemas prepararam a reabertura ao público. Na semana passada, o governo francês decidiu que a cultura ia manter as portas fechadas.
Considerados "não essenciais", os agentes culturais saem para a rua esta terça-feira, denunciando "a morte lenta do setor" que emprega mais de um milhão de pessoas em todo o país.
"Um anúncio brutal", descreve o diretor do Théâtre de la Ville, Emmanuel Demarcy Mota. "Cinemas, museus ou teatros não apresentam mais riscos de transmissibilidade do vírus do que centros comerciais ou espaços de culto, que na semana passada abriram aos fiéis, sob condição de um reforço de medidas de distanciamento social", compara.
A atriz e realizadora francesa Jeanne Balibar lembra que Portugal vive uma explosão de novos casos. Portugal viu multiplicar por seis o número de infeções desde o primeiro de junho até hoje, e mesmo assim não tomou medidas drásticas. "Mais logo vou atuar em Portugal, um país que não fechou cinemas, nem teatros, museus ou ainda restaurantes, que continuam abertos até às 23h desde primeiro de Junho", descreveu a atriz.
Nos próximos dias, Jeanne Balibar vai estar em cena no Teatro Nacional São João. "Manter a cultura viva é uma escolha política", defende. "O governo português repetiu nos últimos meses que é preciso manter os teatros abertos e a cultura viva por serem primordiais. A França fecha estes espaços, trata-se de uma uma escolha do governo e não a entendemos", compara a encenadora francesa.
Quanto à incerteza de uma reabertura rápida dos espaços culturais, o diretor e encenador do Théâtre de la Ville não acredita na data provisória apontada pelo executivo francês para dia 7 de janeiro. "O governo anunciou pela segunda vez datas, acho que esta estratégia é um erro porque há cinco semanas anunciaram que dia 15 de dezembro todos os espaços culturais voltariam a abrir e isso não aconteceu", lembra Emmanuel Demarcy Mota.
Esta terça-feira estão previstas manifestações em todo o país, a começar por Paris, mas também Nantes, Bordéus, Lyon, Nice, Marselha ou ainda La Rochelle e Estrasburgo.
13139396