A cadeia de televisão francesa TF1 divulgou hoje, pela primeira vez, extratos áudio das discussões entre Mohamed Merah e a polícia durante as 32 horas de cerco ao seu apartamento em Toulouse, em finais de março.
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O ministro do Interior francês, Manuel Valls, «lamentou» em comunicado a divulgação dos registos e declarou-se indignado com a ausência de medidas «para respeitar as famílias das vítimas» de Merah.
Nos extratos difundidos, Merah afirma estar pronto a continuar a matar, garante possuir ligações à al-Qaeda e ao grande banditismo e explica como conseguiu ludibriar os serviços de informações que o vigiavam.
A 21 de março, pelas 03:00, a polícia tenta tomar de assalto o apartamento em que Merah se tinha refugiado e é recebida a tiro. Após 32 de cerco, a operação terminou com a morte do jihadista.
Nas quatro horas e meia de negociações que a TF1 afirma ter em seu poder, Merah dá conta dos seus contactos com «os seus irmãos» da al-Qaeda no Paquistão e planos de futuras ações.
Francês de origem argelina, Mohamed Merah semeou o terror matando três militares de origem magrebina e quatro pessoas de confissão judaica, incluindo três crianças, entre 11 e 19 de março passado.
Seguidor da al-Qaeda, foi morto a 22 de março por uma unidade de intervenção da polícia, no ataque ao apartamento em que se encontrava.
O caso Merah mostrou lacunas na contra espionagem francesa, criticada por não ter considerado uma ameaça um homem que se deslocou nomeadamente ao Paquistão e Afeganistão.
A justiça francesa decidiu abrir um inquérito preliminar por violação do segredo de instrução após a divulgação da gravação.
As vítimas de Merah e seus advogados anunciaram que vão pedir à justiça medidas cautelares para impedir qualquer divulgação dos registos, nomeadamente na Internet.