França torna-se no primeiro país do mundo a reconhecer a interrupção voluntária à gravidez na Constituição
Entre os 942 parlamentares, 780 votaram favoravelmente à introdução da interrupção voluntária da gravidez na lei fundamental.
Corpo do artigo
A França torna-se no primeiro país do mundo a contemplar a interrupção voluntária à gravidez na sua Constituição.
Dos 924 parlamentares reunidos esta tarde no palácio de Versalhes, 780 votaram a favor e 72 contra. Uma maioria de três quintos de sufrágios expressos foram necessários para a adoção do texto.
"O parlamento tomou hoje uma ação forte, uma ação parlamentar forte. Houve muitas iniciativas parlamentares, propostas legislativas. Foi um projeto que transcendeu as divisões da esquerda e da direita. Todos deixaram de lado as opiniões partidárias para se superarem. Este é um momento forte", descreveu a presidente da Assembleia Nacional.
Yaël Braun-Pivet lembrou Simone Veil: "A emoção foi muita porque pensei nas palavras de Simone Veil, que se desculpava por falar perante um hemiciclo quase todo composto por homens." O aborto foi legalizado em França em 1975, sob a iniciativa, de Simone Veil, ministra da Saúde da altura.
A presidente da Assembleia Nacional não escondeu a emoção que sentiu por ser não só a primeira mulher presidente da Assembleia Nacional, como também a primeira mulher a presidir um congresso sobre este tema, "sobre esta liberdade para poder mudar a Constituição". "Há uma emoção muito forte porque o mundo mudou, a sociedade evoluiu e vemos isso de forma tangível nas ações... no que acabamos de fazer, mas também se olharmos para quem trouxe esta reforma, foram as mulheres da Assembleia, as mulheres do Senado... eu, como a primeira mulher presidente da Assembleia Nacional", concluiu.
O chefe de Estado francês reagiu na rede social X, Emmanuel Macron destacou o "orgulho francês e uma mensagem universal" e convidou os franceses a celebrar a entrada de uma nova liberdade garantida na Constituição através de uma cerimónia no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
Junto ao palácio de Versalhes, mais de 500 pessoas manifestaram contra a decisão dos deputados e senadores. O ambiente foi diferente na praça dos Direitos Humanos, no Trocadero, onde se festejou esta "vitória histórica".
