França/Presidenciais: Autarca portuguesa prefere «caminho seguro» de Sarkozy a caminho «sem destino»
Cristela de Oliveira, autarca de origem portuguesa em França, eleita pelo partido de Nicolas Sarkozy, considera que a eleição presidencial vai ser uma escolha entre um caminho «sereno e seguro» e um caminho «sem destino».
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Cristela de Oliveira acredita que a escolha que os franceses vão ter que fazer na segunda volta das presidenciais, a 06 de maio, é entre o Presidente recandidato pela UMP (União por um Movimento popular), Nicolas Sarkozy, e o socialista François Hollande, favoritos nas sondagens na primeira volta da eleição, já no próximo domingo.
A luso-descendente, vereadora em Corbeil-Essonnes, nos arredores de Paris, desconfia das sondagens e acredita que um segundo mandato de Sarkozy seria bom para França, para a Europa e mesmo para Portugal.
«Para além de ser um Presidente extremamente corajoso, que fez muito pela França e pela Europa durante esta crise, ele é um homem muito voluntarioso, que tem vontade de avançar», afirmou.
A responder às críticas, à esquerda e à direita, de que Sarkozy imprimiu na figura do Eliseu uma hiperpersonalização, Cristela de Oliveira afirma que, em relação à imagem do Presidente cessante, a equação é simples e não tem meio-termo: «Ou gostamos dele ou não gostamos. Mas uma coisa é certa, não se pode esquecê-lo, nem se pode não ter ouvido falar dele, seja em França, seja no mundo. Ele é um homem do terreno, que tem vontade de agir e que quer ser indispensável no xadrez internacional», disse.
A autarca discorda da ideia de que a Europa está a andar a duas velocidades, com os mais ricos, a norte, a discriminarem os mais pobres, a sul, e considera que «Nicolas Sarkozy contribuiu para salvar a Europa da crise».
«Creio que existe uma verdadeira coesão na Europa e que a política económica e de desenvolvimento de Nicolas está a ser aplicada a essa escala. Portugal beneficiou disso. A prova é que teve acesso a fundos europeus, que estão a ajudar o país», argumentou.
Agora, diz, resta aos 27 ficarem «muito vigilantes em relação ao dinheiro que é entregue aos países em dificuldades», para que se garanta «que os financiamentos são bem aplicados, e dentro das linhas orçamentais definidas por Bruxelas». Sendo eleito, acredita, Sarkozy fará isso.
No campo da imigração, Cristela não acha que as propostas de Sarkozy - para quem «há demasiados estrangeiros» no país é preciso reduzir para metade as entradas legais - prejudiquem a imagem da França.
«Vemos no terreno, enquanto eleitos, as dificuldades que temos em gerir a chegada de pessoas, nem todas regularizadas. As direções das escolas dizem-nos que têm dificuldades porque o número de alunos na escola que não sabem falar francês é elevado. Estas são verdadeiras preocupações dos franceses. Não falar delas seria hipócrita», defendeu.
A autarca faz dois retratos distintos da mesma França, dependendo do resultado destas eleições: «Se Sarkozy for eleito, vamos tentar caminhar juntos para um futuro sereno e seguro em termos económicos, e não só. Se Hollande for eleito não se sabe para onde vamos, não temos qualquer ideia do nosso destino», afirmou.
Nicolas Sarkozy, 57 anos, político profissional há 30, anunciou, na televisão pública e em horário nobre, a sua candidatura com esta frase: «Sim, sou candidato à eleição presidencial». Depois, justificou-a com uma metáfora: «Podemos conceber que o capitão de um navio que está no meio de uma tempestade diga que está cansado e que renuncia?».
Cristela de Oliveira também acredita que não. Quer Sarkozy ao comando da embarcação e espera que os franceses não decidam saltar borda fora.