François Bayrou é o novo líder do Governo francês. Oposição denuncia situação política "desoladora"
A escolha foi oficializada depois de uma reunião tensa de quase duas horas entre o Presidente e François Bayrou no Palácio do Eliseu, pondo fim a uma semana de especulação e de incerteza
Corpo do artigo
François Bayrou foi anunciado como o novo primeiro-ministro francês e a oposição não demorou a criticar a escolha de Emmanuel Macron. O antigo primeiro-ministro e líder parlamentar do partido macronista Juntos pela República, Gabriel Attal, destacou as qualidades do novo primeiro-ministro, afirmando que tem a experiência necessária para defender o interesse geral e construir a estabilidade que os franceses esperam num momento crítico para o país.
Por outro lado, Mathilde Panot e Manuel Bompard, líderes da França Insubmissa, anunciaram a apresentação de uma moção de censura contra o novo Governo.
Jordan Bardella, da União Nacional de Extrema Direita, afirmou acreditar na possibilidade de trabalhar com François Bayrou, destacando que este deve levar em consideração todos os partidos representados na Assembleia. "Este novo primeiro-ministro deve ter em consideração a nova conjuntura política e compreender que não tem legitimidade democrática nem maioria na Assembleia Nacional, o que implica, portanto, a necessidade de diálogo com todas as forças representadas no parlamento, ou seja, com todos os franceses, incluindo aqueles que não votaram em Emmanuel Macron", declarou.
Por sua vez, Marine Le Pen apela François Bayrou a "compreender e ouvir as oposições para construir um orçamento razoável e bem pensado".
Para Marine Tondelier, dos Ecologistas, a situação política é "desoladora". "Não consigo entender como tudo isto aconteceu, de um ponto de vista institucional. Politicamente, é desolador. Não sei que imagem tudo isso passa para os franceses. Além disso, percebe-se claramente que, quanto mais o Presidente da República perde terreno eleitoralmente, mais ele se agarra aos seus próximos, àqueles que lhe são próximos, que estão ao seu lado", denunciou a ecologista.
A decisão de Macron surge num momento em que a França enfrenta uma crise política profunda. Após a queda do Governo liderado por Michel Barnier, o Presidente tinha prometido uma nomeação rápida. Ao nomear François Bayrou, Macron aposta numa figura experiente e de centro para enfrentar o clima de instabilidade política.
Aos 73 anos, Bayrou é um veterano da política francesa, com uma longa trajetória que inclui o cargo de ministro da Educação (de 1993 a 1997) e três candidaturas presidenciais. Apesar de envolvido num escândalo de fraude fiscal, foi absolvido em 2024.
Como quarto primeiro-ministro em menos de um ano, Bayrou tem de construir um Governo capaz de assegurar estabilidade sem depender de alianças formais no Parlamento.
Emmanuel Macron espera que ele estabeleça um "pacto de não censura" e evite novas crises como a que marcou o curto mandato de Michel Barnier de apenas três meses. A cerimónia de passagem está prevista para às 17h00 (16h00 em Lisboa) no palácio de Matignon.
