O jornal Le Monde revela o esquema complexo de figuras próximas de Marine Le Pen e da Frente Nacional. O partido aparece envolvido.
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Elementos do "círculo de fiéis" de Marine Le Pen terão criado um sistema offshore "sofisticado" para tirar dinheiro de França. O jornal francês Le Monde revela o esquema na edição desta terça-feira.
A chave é Frédéric Chatillon, amigo de longa data da presidente da Frente Nacional. A empresa de que é dono, a Riwal, tornou-se a principal financiadora do partido para a comunicação nas campanhas eleitorais de Marine Le Pen e a partir de 2012 tornou-se o mesmo a financiadora exclusiva.
O Le Monde conta que nesse ano, depois das eleições presidenciais e um mês antes das legislativas, Frédéric Chatillon quis retirar 316 mil euros da Riwal e de território francês. Para isso, Chatillon comprou a empresa Time Dragon, com sede em Hongkong através de uma outra empresa - a Unanime France.
A Time Dragon é uma filial da Harson Asia Limited, sediada nas Ilhas Virgens britânicas, e foi criada pela Massack Fonseca.
E aqui surge um segundo nome: Nicolas Crochet. O contabilista responsável pelo programa económico de Marine Le Pen em 2012 terá oferecido uma das sociedades offshore do irmão, a Ever Harvest, para poder fazer entrar fundos franceses na Time Dragon sem atrair atenções.
É então emitida uma fatura falsa pela Ever Harvest à Unanime France. Este documento, que justificaria a transferência de dinheiro de França para a Ásia, diz respeito ao pagamento do site de Marine Le Pen para as legislativas.
O montante foi depois transferido para a Time Dragon e Chatillon recuperou-o em Hong Kong. Parte do dinheiro é investido numa empresa de um amigo, a Giift, com sede em Singapura. Em 2014 a sociedade nas Ilhas Virgens é dissolvida e a Time Dragon é rebatizada como Unanime Asia.
Na página de Facebook, Frédéric Chatillon diz que esta é uma operação totalmente legal e justifica a escolha da Ásia para investir por causa das "perspetivas de rentabilidade mais atraentes". Sobre a relação com a Frente Nacional, Chatillon nega tudo.