"Fundamental para retirar forças russas e virar a guerra." Ucranianos em Portugal saúdam "decisão importante" de Biden
Numa altura em que se assinalam os mil dias de conflito em território ucraniano, Pavlo Sadokha destaca na TSF que a guerra "continua a ser dura", especialmente com a chegada do inverno, que "não dá boas perspetivas"
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O presidente da Associação de Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, assinala os "mil dias de resistência heroica dos ucranianos" e congratula-se com a decisão de Joe Biden, que autorizou pela primeira vez a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA na Rússia.
"Eu só posso dizer que finalmente recebemos esta decisão tão importante para a Ucrânia. Nós já pedimos isso há muito tempo e isto é fundamental para começar a retirar forças russas do território ucraniano e para virar esta guerra de defesa dos ucranianos para a guerra para recuperar os territórios, recuperar a Ucrânia e salvar as vidas ucranianas", defende, em declarações à TSF.
A decisão de Joe Biden constitui uma importante alteração à política dos Estados Unidos e ocorre no momento em que o norte-americano está prestes a deixar a Casa Branca e o Presidente eleito, Donald Trump, prometeu reduzir o apoio norte-americano à Ucrânia e acabar com a guerra o mais rapidamente possível. Os mísseis de longo alcance serão provavelmente usados em resposta à decisão da Coreia do Norte de enviar milhares de militares para a Rússia, para apoiar a continuação da guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022 pelo Presidente russo.
Questionado ainda pela TSF sobre se teme uma escalada do conflito após a decisão do ainda Presidente dos EUA, Sadokh assegura que "não" e explica que esta ascensão aconteceu "logo no início quando começou esta guerra e os ucranianos receberam mísseis nas suas cidades e acordaram com guerra ativa, com tropas russas nas cidades ucranianas e com toda a violência que estes mil dias deram à Ucrânia".
O líder da associação explica que a população ucraniana, tanto no país de origem, como na diáspora, apelou aos Governos da chamada "civilização ocidental para darem todo o apoio militar" ao país. Pavlo Sadokha explica que só assim é permitido à Ucrânia "resistir".
"Mas as decisões políticas às vezes demoram tanto que todos os dias perdemos soldados, perdemos civis, como foi ontem, como foi hoje. Isto é triste", lamenta.
"A guerra continua a ser dura", lembra, acrescentando que, com a chegada do inverno, o ataque russo com 210 mísseis e drones à infraestrutura energética da Ucrânia "não dá boas perspetivas".
O presidente da associação garante, por isso, que os mil dias de guerra no país é uma data assinalada com sabor a mágoa, ao mesmo tempo que destaca a resiliência do povo ucraniano.
"Mil dias de sofrimento do povo ucraniano. Mil dias de sofrimento da Ucrânia. Mas também mil dias de resistência heroica dos ucranianos e também mil dias de apoio internacional à Ucrânia, que não foi suficiente para parar esta guerra, mas também foi bastante para ajudar a Ucrânia a resistir forças muito superiores da Federação Russa", aponta.
Sobre o número de ucranianos que já deixaram Portugal neste último ano, Pavlo Sadokha afirma já ter pedido esses valores à nova direção da AIMA, mas adianta que "ainda não foram divulgados".
"Mas, da nossa experiência trabalhar como ucranianos, ao contactar com eles, vemos que não saíram muitos, mas também não chegaram. Não há uma movimentação dinâmica", revela.
Vladimir Putin aprovou esta terça-feira alterações à doutrina nuclear russa, autorizando o uso alargado de armas nucleares. De acordo com a agência Reuters, o decreto assinado por Putin altera os critérios que permitem o recurso a armas nucleares por parte da Rússia.