"Gangsterismo político" impõe "maior responsabilidade" à Europa, que pode ter "oportunidade para se afirmar"
Ouvido no Fórum TSF, o eurodeputado socialista Francisco Assis sublinha que "a cada eleição que ocorre na Europa há sempre o risco democrático de ascensão ao poder de alguém que tenha um grau de compromisso menor com o projeto europeu"
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É conhecida como velho continente e tem sido posta à prova com os mais variados desafios à sua estabilidade, ainda que a luta pela expansão de territórios e a ascensão da extrema-direita não lhe sejam totalmente desconhecidos: da guerra na Ucrânia à eleição dos conservadores na Alemanha, o futuro da Europa tem-se avizinhado incerto.
Ouvido no Fórum TSF, o eurodeputado do PS Francisco Assis começa por analisar as palavras proferidas esta segunda-feira pela presidente da Comissão Europeia para assinalar o 3.º ano da invasão russa à Ucrânia. Ursula von der Leyen justifica a presença em Kiev afirmando que a "Ucrânia é a Europa".
O socialista sublinha que esta é uma frase que tem sido "sistematicamente reiterada ao longo do ao longo dos últimos três anos", algo que surpreendeu os russos, diz, já que não "esperavam" tamanha união.
"Estavam convencidos de que iriam dividir a Europa e até agora só conseguiram ter o apoio de [Viktor] Órban e do líder da Eslováquia, [Peter Pellegrini], que é uma pessoa pouco recomendável", nota.
Francisco Assis acredita, por isso, que a Europa tem "estado unida" e alerta que é preciso que continue assim, sobretudo após a eleição norte-americana de Donald Trump, a quem acusa de praticar um "gangsterismo político aplicado à política internacional".
"A verdade é que, perante esta Presidência americana, que tem tido uma posição absolutamente inadmissível em relação à Ucrânia, a Europa tem aqui uma responsabilidade maior e tem de assumir essa responsabilidade", apela.
A propósito desta transição, Lídia Pereira, eurodeputada do PSD, reconhece que não é possível "negar o óbvio" e, apesar de ter havido uma "alteração no contexto político e geopolítico", sugere que este é o tempo para a União Europeia se afirmar.
"Há uma mudança de comportamento em política externa norte-americana, o que significa que a União Europeia está mais sozinha ou é uma oportunidade para se afirmar no contexto geopolítico por via, por exemplo, do investimento na indústria de defesa e do robustecimento das forças armadas e europeias", adensa.
Lídia Pereira considera igualmente que o "compromisso" europeu com a Ucrânia tem sido "inequívoco". Para a social-democrata, a presença de von der Leyen e do líder do Conselho Europeu, António Costa, na capital ucraniana é prova disso mesmo.
O socialista Francisco Assis defende ainda que a eleição do líder dos conservadores da CDU, na Alemanha, foi um passo "muito importante", até porque Friedrich Merz foi eurodeputado e sempre se "declarou muito europeísta".
"[Friedrich Merz] afirma-se como alguém atlantista e europeísta. Isso é importante neste momento, porque a cada eleição que ocorre na Europa há sempre o risco democrático de ascensão ao poder de alguém que tenha um grau de compromisso menor com o projeto europeu. Aqui, não estamos perante isso", assegura.
O eurodeputado mostra-se, assim, satisfeito com a vitória do alemão Merz, que assume "claramente que quer ter uma voz ativa e de primeiro plano no projeto político europeu".
