Uma mulher deu à luz gémeos, mas cada um tem um pai diferente. É um fenómeno muito raro em humanos, mas é possível. Chama-se superfecundação heteroparental.
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A superfecundação heteroparental não é mais do que a fecundação de dois óvulos diferentes durante o mesmo período menstrual, sendo que o segundo óvulo é fecundado por um espermatozoide de um homem diferente em relações sexuais separadas.
O caso mais recente de que há conhecimento aconteceu na Colômbia. A análise começou em 2018, quando o Grupo de Genética e Identificação Populacional da Universidade Nacional respondeu ao pedido do alegado progenitor, que quis fazer um teste de paternidade.
Os especialistas basearam-se na análise do cromossoma Y, já que as duas crianças são do sexo masculino e este cromossoma é transmitido exclusivamente pela linha paterna e não muda de geração para geração.
Comparado o ADN dos gémeos, tornou-se evidente que os dois não podiam ter o mesmo pai. Num dos casos, a coincidência do perfil genético era inequívoca: a probabilidade do bebé ser filho daquele pai era de 99,9999 %. Já no outro bebé, não houve correspondência em 14 dos 17 marcadores analisados. Os cientistas decidiram repetir os testes e a conclusão foi a mesma: gémeos de pais diferentes.
As conclusões foram publicadas, em dezembro, na Revista Biomédica del Instituto Nacional de Salud. No artigo, é sublinhado o facto de este ser um fenómeno extremamente raro em humanos, mas não é coisa deste século. O primeiro caso de superfecundação heteroparental foi reportado em 1810, quando o norte-americano John Archer mostrou as diferenças fenotípicas entre um gémeo branco e um gémeo mulato.
No mesmo artigo, os especialistas admitem a possibilidade de estes casos serem raros porque nem todos os nascimentos motivam disputas de paternidade e adiantam que as novas técnicas avançadas podem vir a detetar mais casos do género no futuro.