O Ruanda assinala hoje, sob o lema "Lembrança, unidade, renascimento", o massacre de há duas décadas durante o qual 800 mil pessoas perderam a vida. Um luto acompanhado pela chama da reconciliação que vai arder durante cem dias, tantos quantos durou o genocídio.
Corpo do artigo
Ban Ki-moon, o secretário geral das Nações Unidas lembrou aos líderes africanos a responsablidade que têm para que nunca mais se repita a matança de há duas décadas.
O genocídio do Ruanda é a prova mais evidente de falhanço da comunidade internacional. O país procura ainda hoje, duas décadas depois, a reconciliação.
O líder da ONU é um dos convidados das cerimónias que estão a decorrer em Kigali, a capital do Ruanda. Também o presidente norte-americano fez questão de se associar à homenagem às vítimas. Em comunicado, Barack Obama diz que o genocídio no Rruanda era evitável mas aconteceu porque o mundo não consegiu responder mais rapidamente.
As cerimónias já tiveram um momento de polémica quando o embaixador francês no Ruanda disse que foi impedido de participar.
«Ontem à noite, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Ruanda telefonou-me a informar-me que eu já não estava acreditado para as cerimónias», avançou hoje o embaixador, Michel Flesch, à agência de notícias francesa AFP.
A ministra da Justiça de França, Christiane Taubira, decidiu não estar presente nas cerimónias de hoje, depois de o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, ter reiterado uma acusação sobre a «participação» francesa no genocídio de 800 mil ruandeses de etnia tutsi.
A França, aliada do Governo nacionalista hutu anterior aos acontecimentos de 1994, tem negado repetidas vezes ter sido cúmplice do genocídio.