Glaciar quebra em zona dos Himalaias. Mais de cem desaparecidos nas inundações na Índia
Há registo de pessoas desaparecidas, após a colisão de um glaciar contra uma barragem de um dos dois rios que formam a nascente do Ganges, um dos maiores do mundo. O balanço de mortes pode subir nas próximas horas.
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Pelo menos nove corpos foram resgatados depois do colapso de um glaciar dos Himalaias no Norte da Índia, que provocou uma enxurrada de lama e detritos sobre duas barragens e algumas habitações, fazendo pelo menos 150 desaparecidos.
Um responsável policial, Surjeet Singh, indicou que até ao momento foram "recuperados nove ou dez cadáveres do rio". Um primeiro balanço, anunciado pouco depois do lançamento de uma operação de busca e salvamento, apontava para três mortos.
O desastre foi provocado pelo colapso do glaciar Nanda Devi, no estado indiano de Uttarakhand, esta manhã.
A central hidroelétrica de Rishigana, a primeira sobre a qual a enxurrada se abateu, ficou destruída e a de Dhauliganga seriamente danificada, segundo um porta-voz da guarda de fronteira indo-tibetana, Vivek Pandey. Ambas as barragens situam-se no rio Alaknanda, que corre dos Himalaias até ao Ganges.
O porta-voz indicou que pelo menos 16 trabalhadores ficaram presos num túnel da barragem de Dhauliganga e 140 trabalhadores das duas centrais estão desaparecidos.
Perto de 400 elementos de diferentes forças de polícia e proteção civil estão envolvidos nas operações de resgate, que se centram na busca dos trabalhadores desaparecidos, segundo o chefe do governo estadual, Trivendra Singh Rawat.
As autoridades lançaram um alerta às populações das margens do Alaknanda para se deslocarem para zonas mais seguras, temendo um aumento significativo do caudal do rio.
O diretor-geral da Força Nacional de Resposta a Desastres (NDRF), Satya Narayan Pradhan, disse que em declarações aos jornalistas que foram enviadas equipas de resgate para ajudar as forças de segurança da região.
Vídeos filmados com telemóveis do momento da avalanche, divulgados nas redes sociais, mostram a chegada repentina de uma grande coluna de lama e água por um leito de rio, atingindo com força as encostas do vale e destruindo estruturas como uma barragem em construção.
#WATCH | Water level in Dhauliganga river rises suddenly following avalanche near a power project at Raini village in Tapovan area of Chamoli district. #Uttarakhand pic.twitter.com/syiokujhns
- ANI (@ANI) February 7, 2021
O chefe regional das equipas de resgate, Ridhim Aggarwal, revelou que os responsáveis pela barragem em construção no rio Rishiganga "não conseguiram contactar os cerca de 150 trabalhadores na obra".
O chefe do governo de Uttarakhand, Trivendra Singh Rawat, acrescentou no Twitter que "a boa notícia" é que o nível de água de outro dos rios, o Alaknanda, "voltou ao normal".
A disaster was reported at Raini village at around 1045 am, affecting two dam sites in Chamoli. Immediate instructions were issued to take stock of the situation and take emergency measures. Simultaneously, state"s disaster response mechanism was activated. #Uttarakhand
- Trivendra Singh Rawat (@tsrawatbjp) February 7, 2021
A polícia regional pediu aos habitantes das áreas afetadas nas redes sociais que mantivessem a calma e se mudassem para locais seguros enquanto os serviços de resgate chegam.
Esta região montanhosa já sofreu enchentes, deslizamentos de terra e o colapso de edifícios em junho de 2013.
Essa tragédia causou sete mil mortes ou desaparecidos, muitos deles peregrinos hindus que se deslocaram a Uttarakhand para visitar alguns dos lugares mais importantes para a religião, e onde também nasce o sagrado rio Ganges.
Este domingo, nas redes sociais, têm sido partilhados vídeos das torrentes de água, que arrastam pedaços das habitações e materiais da barragem.
Biggest story at this time: Terrifying images of glacier break leading massive flooding in Uttarakhand"s Chamoli district. Extensive damage and devastation expected at several villages. Full coverage on @IndiaToday pic.twitter.com/rzR6ODfJ9y
- Shiv Aroor (@ShivAroor) February 7, 2021
O Governo indiano já mobilizou a Força Aérea e as autoridades responsáveis pela resposta a desastres, para que as buscas por sobreviventes e corpos dos mortos possam ser iniciadas.
O ministro Trivendra Singh Rawat garante que o caudal do rio Alaknanda já foi regularizado. Foram abertas as barreiras de outras barragens a jusante para que a enchente de água possa passar.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, recorreu ao Twitter para garantir que está a acompanhar o acontecimento.
Am constantly monitoring the unfortunate situation in Uttarakhand. India stands with Uttarakhand and the nation prays for everyone"s safety there. Have been continuously speaking to senior authorities and getting updates on NDRF deployment, rescue work and relief operations.
- Narendra Modi (@narendramodi) February 7, 2021
* Atualizado às 14h30