A campanha eleitoral francesa termina esta sexta-feira. Os candidatos da Nova Frente Popular e a maioria do partido presidencial têm até à meia-noite para convencer os eleitores a votarem contra o partido de extrema-direita na segunda volta das eleições legislativas
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O cenário está instalado, mas o resultado continua incerto. Esta semana de campanha fica marcada pela desistência de 210 candidatos da aliança de esquerda Nova Frente Popular e do partido presidencial à segunda volta para evitar uma divisão de votos, reduzindo, desta forma, de 300 para 100 os círculos eleitorais com três candidatos. Uma estratégia para evitar que o partido da União Nacional de extrema-direita chegue ao poder.
O partido de Jordan Bardella venceu a primeira volta, elegeu 38 deputados e é favorito em pelo menos 165 círculos eleitorais, faltando 86 lugares para conseguir uma maioria absoluta.
Neste escrutínio, tudo vai depender da taxa de participação e das indicações de voto, levando os militantes de esquerda a votar para o partido de Emmanuel Macron, depois de já se terem sacrificado na segunda volta das eleições presidenciais de 2017 e 2022. Resta saber se os militantes do partido presidencial farão o mesmo para a aliança das esquerdas.
Caso o partido de Jordan Bardella consiga maioria relativa, a questão que se levanta é a da governabilidade. O partido presidencial, uma parte da esquerda e Os Republicanos podem formar uma grande aliança, mas a ausência de cultura, de compromisso e de consenso político em França remete para uma paralisia parlamentar.
Um plano que se está a desenhar desde os resultados de domingo, como confirma o primeiro-ministro Gabriel Attal. "Não falei de uma coligação. Não vou impor aos franceses uma coligação que eles não escolheram. O que estou a pedir aos franceses é que assegurem que a extrema-direita não tenha uma maioria absoluta. Depois, vários grupos serão eleitos para o Parlamento e encontraremos, espero e penso que é possível, maiorias para projetos que permitirão ao país avançar. Pode ser também uma oportunidade para reinventar a nossa forma de governar, para nos entendermos melhor", afirmou.
Um cenário possível para os ecologistas ou para o candidato socialista Raphaël Glucksmann. Já o coordenador da França Insubmissa, Manuel Bompard, deixa claro: opõe-se a uma grande coligação. "A França Insubmissa só governará para aplicar o seu programa. Só o programa, mas o programa todo", defendeu.
Uma resposta que agrada a Xavier Bertrand. O presidente d’Os republicanos na região Haut-de-France apela a um governo provisório com referências gaulista, excluindo a França Insubmissa: "Não os extremos, não à França Insubmissa, não à União Nacional. Isso deixa espaço para ver se todos estão à altura do desafio. E penso que chegou o momento de saber quem está pronto para estar à altura do desafio, para que possamos formar uma comunidade nacional baseada em projetos fortes".
Projetos sobre a reforma das pensões, imigração, impostos, questões que, nesta altura, afastam os partidos. E há apenas um ponto que parece unir os partidos: fazer frente ao partido de extrema-direita.
