
Juan Medina/Reuters
O governo da Catalunha ainda espera que seja possível dialogar com o governo de Madrid. "Até à ultima hora", a Generalitat está "aberta" para uma "palavra".
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Entrevistada em Barcelona, pela TSF, a secretária do governo autónomo para as Relações Exteriores, Maria Badia, considera que "o normal" numa democracia "do século XXI", o governo central adoptar uma posição política e desafia Mariano Rajoy a sentar-se à mesa para conversarem.
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"Até à véspera, até sábado, à última hora, estamos abertos para ver se há alguma palavra - se há algo, alguma proposta da parte do governo de Madrid", afirmou a governante, considerando que "isto seria o normal, em política, nas democracias avançadas e no século XXI".
"O senhor Rajoy não fez política. Sobre a lista de reivindicações da Catalunha não fez nada. O que fez foi dizer não!, - um não muito grande -, vamos para a via judicial", lamentou a secretária do governo regional, acusando ainda o governo de também estar a fitar a lei.
"Utilizam a via judicial sem responder a todos os passos e processos que as leis espanholas exigem. Estão a aplicar a intervenção das Finanças da Catalunha, estão a aplicar uma intervenção nos Mossos de Esquadra sem passar pelo Senado, que onde teriam de ir debater isto", frisou.
Mediação da UE
Perante a ausência de um diálogo interno, a representante da Catalunha entende que este "é o momento para que a União Europeia olhe um pouco para o que se está a passar aqui (...) e, que de alguma forma, proponha uma certa mediação e alerte o governo de que há transgressões que não se podem aceitar no século XXI, nem na União Europeia".
Sem essa posição da Europa, a antiga eurodeputada admite uma certa mágoa, mas sem surpresa, tendo em conta que "a União Europeia não está no seu melhor momento".
"Há demasiadas crises. Muitas têm a ver com o distanciamento dos cidadãos, na hora de tomar decisões. Então, magoa-me por duas razões, como catalã e como europeísta. Estive 10 anos no Parlamento Europeu e sou profundamente europeísta", atira, admitindo que se explore aquilo que pode ser entendido como um paradoxo, numa região que quer ser independente.
"Estou convencida de que, se um dia, a Catalunha for um Estado, será membro da União Europeia. Não sei se levaremos um mês ou oito meses", afirma, admitindo que, num prazo mais curto, para os próximos três dias esperaria que fosse possível que os governos de Madrid e Barcelona se sentassem, para seguirem pela via do "diálogo".
Mas, se não aconteceu até hoje, Maria Badia admite que a esperança de que aconteça até sábado é diminuta "mas, até ao fim, estamos abertos [ao diálogo]. Enquanto que, [ao mesmo tempo], prosseguimos com a realização do referendo, procurando fazer o possível e o impossível para o poder celebrar com as máximas garantias possíveis".
No domingo "vai ser um dia de muita tensão, porque haverá muitas pessoas na rua. Mas estou convencida que vai ser um dia pacífico", afirmas.
"O governo espanhol tem a polícia, tem o tribunal constitucional, a Guardia Civil - é David contra Golias. Mas, nós temos os cidadãos, convencidos que querem votar. E, a única força que temos é o pacifismo e a contundência", disse a governante