Governo cede a coletes amarelos e deixa cair aumento de impostos sobre combustíveis
Medida que previa um aumento de impostos sobre os combustíveis foi definitivamente cancelada, anunciou o primeiro-ministro francês.
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O governo francês vai mesmo deixar cair o aumento do imposto sobre combustíveis, depois de ter sido anunciado primeiramente uma suspensão do mesmo por seis meses.
Muito pressionado pelos protestos dos "coletes amarelos", o governo acabou por ceder à pressão e o primeiro-ministro revelou, esta quarta-feira, a decisão aos deputados.
"O governo está pronto para o diálogo e está a demonstrá-lo ao retirar o aumento dos impostos da lei orçamental de 2019", garantiu Édouard Philippe.
O anúncio surge um dia depois de ter decidido congelar por seis meses a subida de impostos sobre o combustível e as tarifas da eletricidade e do gás, Philippe compareceu no Parlamento para assegurar que ouviu a revolta dos franceses e atuou em conformidade, enquanto espera encontrar as soluções adequadas.
"Se não as encontrarmos, não restabeleceremos estes impostos. Estas decisões têm como objetivo devolver a serenidade ao país", declarou, convencido do rumo traçado desde que chegou ao poder, em maio de 2017.
No final da sessão de debate, a gestão governamental foi submetida a votação e aprovada por maioria absoluta, com 358 votos a favor, dos deputados de A República em Marcha (LREM) e seus aliados centristas, e 194 votos contra.
O executivo quer realizar nos próximos meses um debate nacional em torno do ritmo da transição ecológica, a necessidade de alternativas para o trajeto de casa ao trabalho e a redução dos impostos.
"Não devemos legar aos nossos filhos uma dívida incontrolável", advertiu Philippe numa sessão acalorada, admitindo que talvez as medidas aplicadas tenham sido "insuficientes ou demasiado técnicas" e que chegou a hora de entabular "um verdadeiro diálogo sobre as preocupações dos franceses".
Os mesmos que há três semanas saem à rua, bloqueando rotundas e autoestradas do país, primeiro para exigir a suspensão do imposto sobre os combustíveis, mas depois também para denunciar o seu empobrecimento.
O debate parlamentar prosseguirá na quinta-feira com outra sessão semelhante no Senado, essa sem votação, antes de o Governo enfrentar, no sábado, outra prova de fogo, com a quarta manifestação consecutiva, na qual prometeu tolerância zero contra a violência.
Uma sondagem divulgada na terça-feira pelo instituto de estudos de opinião BVA indicou que sete em cada dez franceses continuam a apoiar os "coletes amarelos".