"Vou lutar com tudo o que tenho." May pode cair hoje, mas recusa-se a baixar os braços
Theresa May enfrenta uma moção de censura que é apresentada por deputados do próprio Partido Conservador. Se a moção for aprovada, a primeira-ministra britânica deixa a liderança do partido e do Governo.
Corpo do artigo
A primeira-ministra britânica, Theresa May, declarou, esta quarta-feira, que vai lutar contra a moção de censura com tudo o que tem. Numa declaração pública, esta manhã, em frente ao número 10 de Downing Street, May garantiu que está pronta para continuar o seu trabalho.
Os deputados do Partido Conservador vão apresentar, esta quarta-feira, uma moção de censura à continuidade de Theresa May na liderança do partido e do Reino Unido.
Há 48 deputados conservadores que declararam ter perdido a confiança no trabalho da atual primeira-ministra britânica - o que excede o número de deputados necessário para a apresentação de uma moção.
O anúncio foi feito por Graham Brady, o presidente do Comité 1922 (o grupo parlamentar formado pelos deputados do Partido Conservador que não têm assento no Governo), que reuniu as cartas dos 48 deputados que estão contra May.
Em resposta à moção, Theresa May lembrou, esta manhã, que serve o Partido Conservador "há mais de 40 anos" e que está a lutar pelo futuro do Reino Unido. Deixando um recado àqueles que, dentro do próprio partido, a contestam, afirmou que os conservadores têm de "ser mais moderados" de forma a melhor servir o país.
A primeira-ministra defendeu que, para proteger a economia britânica, é necessário não perder o controlo das negociações do Brexit - o que aconteceria se o país mudasse de líder nesta altura, na sua ótica.
Theresa May considera que "um novo líder teria de alargar ou rescindir o artigo 50", pelo que estaria a ir contra a vontade do povo britânico, que, garante, continua a querer avançar no processo do Brexit.
O Reino Unido "não tem tempo para se desintegrar", declarou a primeira-ministra, que garantiu estar "pronta para completar o trabalho".
"Quero cumprir o que prometi no meu primeiro discurso, aqui mesmo - quero cumprir o Brexit pelo qual as pessoas votaram e construir um país que funciona para todos." "Vou lutar contra a moção com tudo o que tenho", garantiu.
A moção de censura dos conservadores será votada ao final desta tarde, entre as 18h00 e as 20h00, na Câmara dos Comuns do Parlamento do Reino Unido.
Caso a moção seja aprovada, o Partido Conservador terá de eleger um novo líder que ocupará o lugar de Theresa May, não só à frente do partido mas, também, como chefe do Governo britânico.
Pelo contrário, caso a moção seja chumbada, a líder conservadora não poderá ser alvo de nova censura durante o período de um ano.
Pelo menos uma centena de deputados do Partido Conservador já expressaram seu apoio à primeira-ministra, através dos media e das redes sociais. A líder conservadora precisa de garantir o apoio de, pelo menos, 158 dos 315 deputados do partido, para permanecer à frente do partido.
Esta moção, vinda do próprio Partido Conservador, surge depois de a primeira-ministra ter adiado a votação do acordo para o Brexit no parlamento britânico, ao saber que não reuniria o número de votos necessários para ver o documento ser aprovado.
Notícia atualizada às 10h43