Com o lema “Espanha em Liberdade”, o Executivo pretende comemorar o início da transição espanhola para um regime democrático
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O Governo inaugura esta quarta-feira a programação oficial para comemorar a morte do ditador Francisco Franco – a 20 de novembro de 1975 –, o início da transição e a conquista da democracia. Pedro Sánchez vai apresentar o evento, no Museu Reina Sofia, onde dará a conhecer os cem atos oficiais que o Governo organizou ao longo de todo o ano para celebrar a data.
Com o lema “Espanha em Liberdade, as comemorações dos 50 anos do fim da ditadura incluem, sobretudo, atividades culturais e educativas, debates exposições e conferências que pretendem explicar o significado da ditadura franquista, a perda de direitos e liberdades e os movimentos que contribuíram à conquista da democracia.
“O que pretendemos não é mais nem menos do que unir-nos na defesa de 50 anos de liberdade frente a 40 anos de ditadura, escuridão e totalitarismo”, disse, esta terça-feira, depois do Conselho de Ministros, o ministro de política Territorial e Memória Democrática, Ángel Victor Torres. “Não queremos que isto seja nenhum ato de vingança, mas precisamente defender a vida, a vida da liberdade contra a morte. Não estamos a festejar o falecimento de ninguém.”
As celebrações estão longe de ser consensuais. Tanto o partido de extrema-direita, Vox, como o Partido Popular, já fizeram saber que não estarão presentes em nenhum dos atos programados. O PP acusa o Governo de querer dividir o país e argumenta que, em 1975, quando morreu o ditador, ainda não havia democracia em Espanha, que esta só chegou três anos depois, com a primeira Constituição, e que esta data não é, por isso, motivo de celebração.
“Estou disposto a celebrar a transição espanhola, a chegada da democracia e a Constituição, mas não estou disposto a fraturar e dividir o meu país”, disse o líder popular, Alberto Núñez Feijóo.
Do lado do Governo, lamentam a posição do PP e pedem ao partido da oposição que “retifique”. “Sinceramente, não entendemos a postura do Partido Popular e pedimos que retifiquem e se juntem à defesa da democracia”, frisou Ángel Victor Torres. “A pergunta que eu faço é quem é que, defendendo a democracia, pode estar contra as celebrações de 50 anos de liberdade? Qual é o risco de dizer que o franquismo foi uma etapa totalitária de ausência de liberdades?”
O Governo diz ainda que “obviamente um regime opressor não acaba no dia a seguir à morte do ditador”, mas defende que “esse dia trouxe consigo uma transição de regime que culminou com a democracia” e “é esse o momento que celebramos”.
Ausente deste primeiro ato vai estar também o rei Felipe VI, por motivos de agenda, segundo a Casa Real, que garante que o monarca estará presente em vários dos atos programados ao longo do ano.
Incerta é ainda a participação do rei emérito, Juan Carlos I, figura chave da transição espanhola. Afastado da família real depois de ter sido investigado por vários delitos fiscais, o Governo deixa nas mãos da Casa Real a decisão sobre a sua participação nos atos oficiais.
