Governo espera que alguns portugueses cheguem a tempo do Natal. Inglaterra já iniciou testes
A polícia pediu aos camionistas que voltassem para os carros, indicando que as equipas de teste e rastreio das autoridades de saúde britânicas iriam deslocar-se às viaturas para fazerem os testes.
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A equipa de saúde britânica para fazer testes à Covid-19 já está há várias horas no porto britânico de Dover, onde milhares de camionistas estão bloqueados há já alguns dias, desde que França fechou a fronteira por causa da nova variante do vírus que foi descoberta no Reino Unido. França decidiu-se na terça-feira por uma reabertura parcial com a exigência de que seja apresentado um teste negativo à Covid.
O ecrã gigante usado no local para transmitir mensagens às pessoas diz que os testes já começaram, mas a verdade é que, por volta das 18h desta quarta-feira, ainda não tinha sido possível ver ninguém a ser testado. A polícia pediu aos camionistas que voltassem para os carros, indicando que as equipas de teste e rastreio das autoridades de saúde britânicas iriam deslocar-se às viaturas para fazerem os testes.
"Já fiz o teste, fi-lo ontem no aeroporto, às 16h. Já testei negativo e estou aqui agora à espera da entrada. Tendo o teste ou não, temos de esperar para entrar porque há pessoas que infelizmente, até agora, ainda não tinham feito o teste e decidiram reivindicar os seus direitos e fazer uma espécie de revolução", explicou à TSF Mário Vasco, um português que está a tentar chegar a Lisboa.
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Entre os camionistas já se nota que a paciência está a esgotar-se. Passaram 24 horas desde que o problema foi supostamente resolvido e as fronteiras foram abertas à meia-noite, mas ainda ninguém embarcou em direção a França, de onde continuam a chegar Ferris com camiões.
No entanto são poucos os motoristas que, neste momento, aceitam ir de França para o Reino Unido, com receio de, depois, ficarem presos no porto de Dover. Certo é que ainda vão demorar dias até que todo o trânsito seja escoado.
Até ao momento, a polícia confirmou apenas uma detenção.
Testes começam a ser distribuídos no aeroporto de Dover
Milhares de camionistas continuam parados no aeroporto de Dover, aguardam ainda para realizar o teste à Covid-19 para poderem passar a fronteira.
Já estão a distribuir testes e os primeiros camiões começaram a abandonar o aeroporto, mas a maioria continua à espera de poder seguir viagem. O retrato é de Joaquim Felix, um dos milhares de camionistas retidos em Inglaterra e que espera um sinal verde para entrar na Europa. Este português conta que continua a ser muito difícil seguir viagem.
"Há testes, desde a hora de almoço que estão a ser distribuídos, mas como são muitos camiões é complicado chegar para todos. Estamos aqui há 5 horas, já perguntei ao staff e só dizem " wait in the truck" e temos que esperar, mas já estão a sair camiões aqui do aeroporto desde as 14h, em direção a Dover. Todos deram negativo, mas tenho informação que em Dover o trânsito também está muito congestionado porque os camiões estão a sair todos ao mesmo tempo", contou Joaquim Felix.
O camionista português diz que a confusão é grande. Os camiões mais pequenos não respeitam a fila de espera e, por isso, não consegue prever quando poderá seguir viagem.
"Está aqui uma rebaldaria, nós motoristas de longo curso, com camiões grandes, temos horários para poder seguir viagem, mas os pequenos, de lona, não têm horários a cumprir e passam à nossa frente para pedir o teste e os homens que distribuem kits SOS não conseguem chegar a mais ninguém porque esses motoristas estão a fazer isso", confessa o camionista.
Joaquim Felix viaja com a esposa e já perdeu a esperança de passar o Natal em casa.
"O Natal vai ser passado na estrada, a logistica é fácil. Agora é esperar poder seguir para Portugal para passar o Ano Novo em família, também para os sossegar", afirmou Joaquim.
Autoridades britânicas "estão a fazer todos os possíveis"
As autoridades do Reino Unido "estão a fazer todos os possíveis" para resolver a situação no lado britânico da fronteira, garantiu em declarações à TSF a secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes.
"Estão a testar no terreno e alguns dos camiões já estão a chegar a França, pelo que a situação tende a normalizar-se, esperamos que o mais rapidamente possível", deseja a governante, que espera que os camionistas possam chegar a casa a tempo do Natal.
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Esse cenário não está, no entanto, garantido, com o ministro britânico dos Transportes a falar em "dois ou três dias" até que a situação dos motoristas fique resolvida. "É bastante complicado para as pessoas, estão lá há 48 horas", nota.
"Temos lá cerca de 300 camionistas e os que estiverem negativos podem passar", tal como foi acordado entre o Reino Unido e França.
Por outro lado, quem estiver infetado "vai ter de ficar no Reino Unido a fazer quarentena" em locais que "estão a ser organizados" pelas autoridades, explica Berta Nunes.
*com Ana Sofia Freitas, Rute Fonseca, Cátia Carmo e Gonçalo Teles
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