A interrupção da Estrada Nacional 380 isolou nove distritos e a travessia agora está a ser feita por embarcações.
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O Governo moçambicano anunciou esta sexta-feira que vai instalar duas pontes metálicas sobre os rios Montepuez e Messalo para restabelecer a circulação terrestre entre o centro e o norte de Cabo Delgado, após chuvas isolarem nove distritos da província.
"Estamos a mobilizar duas pontes metálicas a partir da província de Niassa e que vão ser uma resposta urgente para situação da intransitabilidade", disse à Lusa Venâncio Taimo, diretor provincial de Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos em Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
As pontes, de 60 e 30 metros de comprimento, serão colocadas ao longo da Estrada Nacional 380, sobre os rios Montepuez e Messalo, que subiram de nível devido às chuvas intensas, provocando o desabamento de uma ponte e interrompendo outro ponto da estrada, respetivamente.
"O grande desafio que temos é restabelecer a ligação nesta via, é uma das principais da província", declarou Venâncio Taimo, acrescentando, no entanto, que é prematuro avançar datas, tendo em conta a chuva continua a cair.
A interrupção da Estrada Nacional 380 isolou nove distritos e a travessia agora está a ser feita por embarcações, numa altura em que as autoridades procuram assistir as pessoas afetadas.
As chuvas prevalecem em Cabo Delgado, e subiu o número de afetados de mais oito mil pessoas para dez mil, segundo dados mais recentes do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades.
O Governo moçambicano prometeu que nos próximos dias vão ser disponibilizados meios aéreos para apoiar a assistência às pessoas afetadas.
Moçambique tem novo sistema para prever ciclones e outros fenómenos meteorológicos
O Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique começou a contar com um novo sistema para analisar ciclones e outros fenómenos, um equipamento doado pela China e que está avaliado em 26 mil euros, disse à Lusa fonte da entidade.
O equipamento, integrado no sistema chinês de Satélite Fengyun - 2, possui uma cobertura maior em relação ao modelo anterior, o que vai facilitar análises da formação e trajetória de ciclones tropicais, flexibilizando a elaboração de avisos prévios, disse o diretor-geral adjunto do Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique, Mussa Mustafá.
O sistema resultou de uma doação da Administração Meteorológica da China, na sequência de um pedido feito pelo chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, ao Governo chinês durante uma visita em abril de 2019.
Além do equipamento, a China promoveu uma formação a técnicos do Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique para o devido manuseamento do sistema.
Entre os meses de novembro e abril, Moçambique é ciclicamente atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.
Em abril do ano passado, alguns pontos da província de Cabo Delgado foram atingidos pelo ciclone Kenneth, que causou a morte a 45 pessoas e afetou outras 250 mil.
Um mês antes da passagem do Kenneth, o centro de Moçambique foi devastado pelo ciclone Idai, que provocou mais de 600 mortos e afetou cerca de 1,5 milhões de pessoas no centro do país, além de destruir várias infraestruturas.
No total, 714 pessoas morreram durante o período chuvoso de 2018/2019, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth.