O envio de tropas para as ruas de Brasília tinha como objetivo ajudar no controlo dos protestos contra o presidente Michel Temer.
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Um dia depois de enviar o exército para as ruas pela primeira vez no seu curto mandato, o presidente da República Michel Temer revogou esse decreto, utilizado apenas em situações muito excecionais, e mandou as tropas de volta para o quartel.
A Esplanada dos Ministérios, a ampla avenida que serve de sede ao governo, acordou calma apesar das imagens dos destroços de quarta-feira provocados pelos fogos, bombas, tiroteios, depredação de prédios e outros incidentes que causaram quase 50 feridos e levaram à detenção de dez manifestantes.
Os manifestantes protestavam contra o governo Temer e a votação no interior do Congresso Nacional das impopulares reformas laboral e da Segurança Social. No Congresso, os ânimos também se exaltaram com gritos e empurrões entre parlamentares.
O presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia interrompeu os trabalhos sob críticas da oposição a dizer que o decreto de Temer que levou o exército para a rua lembrou a ditadura militar, interrompida em 1985.
Marco Aurélio Mello, juiz do Supremo Tribunal Federal, cuja sede fica nas imediações da esplanada dos ministérios, também interrompeu o plenário, preocupado com os protestos e, mais ainda, com a medida excecional do presidente.
Com os ânimos finalmente mais calmos no exterior, o interior dos palácios governamentais de Brasília segue em ebulição. Oposição e também aliados discutem soluções de consenso para o pós-Temer. Porque o presidente tem, segundo a maioria das avaliações, os dias contados.