"Grande incêndio" não dá tréguas na Grécia. Portuguesa em Atenas relata "situação dramática"
As autoridades gregas admitem que o incêndio está fora de controlo
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As autoridades gregas ordenaram, esta segunda-feira, a retirada de habitantes na região de Atenas, na sequência dos incêndios florestais que estão assolar a zona. As chamas estão a lavrar desde domingo nos arredores da capital grega e as autoridades do país admitem que o incêndio está fora de controlo. À TSF, Ana Maria Soares, uma professora portuguesa que vive na região de Atenas, descreve o momento que se vive na zona.
"A situação é dramática, o incêndio está em vários locais, está a ameaçar áreas habitacionais e penso que realmente vai ser muito difícil até amanhã combater este grande incêndio", afirmou à TSF Ana Maria Soares.
Dezenas de habitantes de Ática já foram mesmo retirados devido às chamas que destruíram várias habitações. A agência Reuters adianta ainda que, nas últimas horas, três hospitais já foram evacuados.
Ana Maria Soares revela que alguns amigos tiveram de sair de casa devido à proximidade das chamas. "Tenho conhecimento de amigos meus que tinham casas de praia e foram retirados, receberam uma mensagem para se deslocarem para outras zonas. Disseram-me que a casa, por enquanto, está bem, não sofreu danos. O incêndio ainda não chegou às casas, mas o Governo, até mesmo por precaução, mandou que as pessoas saíssem, mandou esta mensagem, que é ativada logo quando há estes problemas e disse que as pessoas têm de ser retiradas", acrescenta.
Até ao momento, várias casas já foram consumidas pelas chamas e uma equipa especial da polícia foi obrigada a libertar dezenas de pessoas que ficaram presas em 25 carros quando tentavam escapar ao incêndio.
O primeiro-ministro grego, que estava de férias na ilha de Creta, antecipou o regresso à capital e está a coordenar a resposta ao fogo. Nesta altura, a imprensa grega afirma que a linha da frente do incêndio tem uma extensão de 30 quilómetros.
Até ao momento, várias pessoas foram assistidas por inalação de fumos. As autoridades gregas abriram o estádio olímpico OAKA, no norte de Atenas, para acolher os milhares de pessoas deslocadas.
Na noite de domingo, mais de 11 mil pessoas já tinham sido aconselhadas a abandonar sete localidades e a cidade de Maratona e direcionadas para a cidade costeira de Nea Makri.
Um total de 510 bombeiros e 152 veículos foram mobilizados, e 29 aviões sobrevoaram a área desde o amanhecer.
Durante as últimas 24 horas, ocorreram cerca de 40 incêndios na Grécia, a maioria dos quais (33) foram extintos antes de se propagarem, informou o corpo de bombeiros.
O Ministério da Proteção Civil da Grécia alertou no sábado que metade do país corria um elevado risco de incêndio até pelo menos 15 de agosto devido às altas temperaturas, rajadas de vento e seca.
Temperaturas de 39 graus Celsius (°C) e ventos superiores a 50 km/h são ainda esperados na região esta segunda-feira, de acordo com os serviços meteorológicos.
Embora as temperaturas atuais sejam normais para a estação do ano, duas ondas de calor extremo que o país sofreu em junho e julho, com temperaturas superiores a 44 °C em algumas regiões, incluindo Creta, secaram a vegetação, aumentando o risco de incêndios florestais.
De acordo com o Observatório Nacional de Atenas, a Grécia viveu o julho mais quente de 2024 desde que os registos começaram a ser feitos em 1960.
A temperatura média fixou-se nos 27 °C, 2,9 graus acima do valor médio registado no mesmo mês entre 1991 e 2020.
