A polícia grega intensificou a operação de busca de armas pertencentes ao partido neonazi Aurora Dourada, apesar das suspeitas dos arsenais se encontrarem em locais secretos.
Corpo do artigo
Enquanto decorrem as buscas, o número de detidos na sequência da operação contra a organização de extrema-direita aumentou para 22, sendo que as autoridades têm no total 32 ordens de detenção.
No domingo, o número dois do partido, o deputado Jristos Pappás, entregou-se à polícia, que também deteve um militante que supostamente esteve presente no assassinato do músico Pavlos Fyssas em meados de setembro.
O gabinete parlamentar de Pappás em Atenas foi revistado tendo sido encontrados uma pistola, fotografias de Hitler, bandeiras com a cruz suástica e capacetes.
A residência do deputado em Ioannina, norte da Grécia, está a ser revistada hoje e segundo o canal de televisão Skai os procuradores ordenaram buscas em caves e apartamentos na região de Ática, onde se acredita que o partido mantém armazenados armas e explosivos.
No sábado, na casa do líder do Aurora Dourada, o ex-militar Nikolaos Mijaloliakos, foram encontradas três armas de fogo sem licença e 43.100 euros em dinheiro cuja proveniência o chefe neonazi não soube justificar.
Na residência de uma sargento da polícia detido no âmbito da mesma investigação foram igualmente encontradas armas de fogo que não se encontravam documentadas, um elevado número de munições e explosivos.
Nas noites de sábado e de domingo, três presumíveis militantes do Aurora Dourada foram surpreendidos junto à sede do partido encontrando-se na posse de bastões, escudos, capacetes, e cassetetes extensíveis que tentavam retirar do edifício.
Antes da detenção da cúpula do partido, mas após o assassinato de Fyssas, dezenas de casas foram alvo de buscas em todo o país onde foram encontradas armas de fogo e armas brancas.
Entretanto, o jornal To Vima entrevistou um alegado militante do Aurora Dourada que relatou os «treinos militares» que são praticados pelos membros da organização neonazi.
«Fazemos treino especial com arma nas áreas de Rafina, Parnitha, Fyli, Mani, Evia, e outros locais. A nossa principal preocupação é esconder bem as armas, inclusivamente nos clubes de «hooligans ou em apartamentos, para que não sejam detetadas pela polícia», afirmou.
O jornal Ta Nea publica hoje parte da declaração de dois ex-membros do partido incluídos na investigação sob um programa de proteção de testemunhas.
Os depoimentos dos dois antigos membros do partido neonazi terão levado à investigação sobre a posse de «armamento pesado» e «recrutamento de menores» para participação de ações violentas e negócios ilícitos.
De acordo com os mesmos depoimentos, os neonazis gregos são responsáveis por inúmeras agressões a emigrantes e utilizam estrangeiros para o negócio de venda ilegal de roupa e contrabando de tabaco.
«É um mito que todos os estrangeiros são alvo do Aurora Dourada. No bazar do Pireu (Atenas) os estrangeiros vendem produtos fornecidos pelo Aurora Dourada», refere um dos ex-militantes no depoimento às autoridades e publicado no Ta Nea.