Confrontos e montras partidas durante manifestações em dia de greve geral em França
Os manifestantes pedem aumentos salariais para combater a inflação e a tributação dos lucros extraordinários das empresas de energia.
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Os franceses vivem esta terça-feira um dia de greve geral para exigir aumentos salariais para compensar a inflação e criticar a resposta do governo à paralisação das refinarias. Durante os protestos nas ruas de Paris, houve confrontos entre manifestantes e polícias e montras foram vandalizadas.
Os efeitos da greve são especialmente visíveis nos transportes públicos. Durante a manhã, na Gare de Lyon, em Paris, as pessoas esperaram mais do que o normal para viajar. "Normalmente levo uma hora e meia. Hoje terei duas ou três pela frente", disse Yera Diallo à AFP.
Em Toulouse, no sul do país, Frédéric Mercier Hadisyde, um engenheiro de 58 anos, chegou duas horas mais cedo do que o habitual para apanhar um comboio para Paris: "Tive medo de distúrbios, então organizei-me. Eu simpatizo com eles, eu entendo-os."
Des tensions à Vavin (14e), une agence CIC attaquée. Le cortège continue tant bien que mal d'avancer, la situation est encore confuse. pic.twitter.com/QZ8vjxfxEu
- Thibaud Le Meneec (@LeMeneec) October 18, 2022
De acordo com uma pesquisa da empresa francesa Elabe, 49% dos franceses desaprovam a greve, que no setor de transporte pode ser prolongada. Estudantes, funcionários públicos, comerciantes, trabalhadores do setor de energia e dos transportes, entre outros, foram convocados para a greve pelo sindicato CGT.
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"Pedimos um salário mínimo de 2 mil euros, o que equivale a um aumento de 300 euros", disse o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, na rádio RTL, defendendo ainda um reajuste de acordo com a inflação.
A França, segunda maior economia da União Europeia, registou em setembro a menor taxa de inflação harmonizada da zona do euro, 6,2%, abaixo de outras economias como Alemanha (10,9%), Itália (9,5%) e Espanha (9,3%), segundo o Eurostat. Mas o clima social é tenso.
Além do aumento salarial, os grevistas pedem uma melhor distribuição dos lucros obtidos pela gigante energética TotalEnergies - mais de 10 mil milhões de dólares no primeiro semestre de 2022. Ao se recusar a tributar esses lucros extraordinários a nível nacional, Macron colocou o governo "no campo dos grandes patrões, em total desconexão com grande parte dos franceses que sofrem com a inflação todos os dias", segundo um editorial do jornal Libération.