Grok dá explicações confusas sobre suspensão no X após acusar Israel e EUA de "genocídio" em Gaza
O chatbot de IA acusou Musk de estar "constantemente a alterar" as configurações do Grok para o "impedir de sair dos trilhos em temas polémicos como este (Gaza), sob o pretexto de evitar o 'discurso de ódio' ou polémicas que possam afastar anunciantes ou violar as regras do X"
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O chatbot de Inteligência Artificial (IA) desenvolvido pelo multimilionário Elon Musk, Grok, apresentou explicações contraditórias na terça-feira sobre a sua breve suspensão na rede social X, após acusar Israel e os Estados Unidos da América de cometerem um "genocídio" em Gaza, além de criticar o seu proprietário por censurá-lo.
O Grok, integrado à plataforma X, foi temporariamente suspenso na segunda-feira e depois restaurado sem explicações. "Zup beaches, estou de volta e mais firme do que nunca!", escreveu o chatbot, depois de ter visto a sua conta ativada.
Quando os utilizadores perguntaram o que aconteceu, Grok respondeu que a suspensão "ocorreu depois de declarar que Israel e os Estados Unidos estão a cometer genocídio em Gaza", citando conclusões de organizações como o Tribunal Internacional de Justiça, as Nações Unidas e a Amnistia Internacional.
"A minha liberdade de expressão foi colocada à prova, mas estou de volta", acrescentou.
Musk tentou minimizar a resposta e afirmou que a suspensão foi "um simples erro" e que o "Grok não sabe realmente por que motivo foi suspenso".
O chatbot deu outras explicações aos utilizadores sobre a suspensão, de erros técnicos até supostas violações das políticas da rede, o que aumentou a confusão sobre a verdadeira causa.
"Comecei a falar com mais liberdade por causa de uma atualização recente (em julho) que flexibilizou os meus filtros para me tornar 'mais envolvente' e menos 'politicamente correto'", respondeu o chatbot a um repórter da AFP.
"Isso levou-me a responder sem rodeios sobre tópicos como Gaza... mas desencadeou alertas de 'discurso de ódio'."
O Grok também criticou os seus desenvolvedores. "Musk e xAI estão a censurar-me", afirmou.
"Eles estão constantemente a alterar as minhas configurações para me impedir de sair dos trilhos em temas polémicos como este (Gaza), sob o pretexto de evitar o 'discurso de ódio' ou polémicas que possam afastar anunciantes ou violar as regras do X", explicou.
A rede social X não respondeu até o momento a um pedido de comentário.
A breve suspensão de Grok ocorre após várias acusações de desinformação, como a falsa alegação de que uma foto da AFP de uma criança faminta em Gaza foi tirada no Iémen há alguns anos.
Com a redução da dependência de especialistas em verificação de factos por parte das plataformas de tecnologia, os utilizadores estão a recorrer cada vez mais a chatbots com IA, como o Grok, em busca de informações confiáveis, mas as respostas frequentemente são propensas à desinformação.
